Dados do Trabalho

Título

SIGNIFICADO DA ELEVAÇÃO DAS ENZIMAS HEPÁTICAS NO CURSO DA INFECÇÃO POR COVID-19

Resumo

INTRODUÇÃO: Alterações de enzimas hepáticas (AEH) são frequentemente observadas em pacientes infectados com o SARS-CoV-2, mas pouco se sabe acerca do significado destas alterações no curso clínico da COVID-19.

OBJETIVOS: Avaliar a frequência das AEH nos pacientes admitidos em pronto atendimento (PA) com COVID-19, sua correlação com marcadores inflamatórios e seu impacto na morbimortalidade da doença.

MATERIAIS E MÉTODOS: Todos os pacientes com COVID-19 admitidos no PA de um único centro de referência na Bahia foram avaliados retrospectivamente. Os dados foram coletados usando um banco de dados anonimizado eletrônico, abrangendo as seguintes variáveis: parâmetros demográficos, AST e ALT, hemograma total e diferencial, razão neutrófilo-linfócito (NLR) , monócito-linfócito (LMR) e índice de inflamação sistêmica (SII). Gravidade da COVID-19 foi definida pela presença de falência orgânica (FO) ou necessidade de suporte em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A mortalidade foi considerada como óbito do paciente durante a internação hospitalar.

RESULTADOS: 1.539 indivíduos (799 mulheres, idade média de 57+18 anos) com COVID-19 foram avaliados. Necessidade de internação hospitalar (IH) e em UTI foram observadas em 58% e 31% dos casos, respectivamente. 273 pacientes tiveram ao menos uma FO. 194 pacientes faleceram, sendo a mortalidade estimada, respectivamente, em 5% e 13% dos pacientes atendidos no PA e submetidos a IH. Elevação de AST e/ou ALT foi observada em 50% dos casos, com frequência e magnitude significantemente correlacionada a contagem global de leucócitos, NLR, LMR e SII (p<0,0001). A presença de AEH se correlacionou significantemente com necessidade de IH e UTI, assim como também com mortalidade (p<0,0001). Níveis elevados de AST foram significativamente associados à presença, número e tipos de FO e tempo de IH (p<0,0001). Níveis elevados de ALT também foram significativamente associados as variáveis citadas, com exceção da presença de FO, insuficiência circulatória e tempo de internação hospitalar (p<0,0001).

CONCLUSÕES: Anormalidades de AST e/ou ALT são frequentemente observadas em pacientes com COVID-19, refletindo a inflamação associada a infecção por SARS-CoV2. As AEH se correlacionam com maior morbimortalidade e podem ser úteis na tomada de decisão no PA para internação hospitalar ou reavaliação ambulatorial agendada.