XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Disfagia como manifestação da Miastenia Gravis e a avaliação manométrica associada

Resumo

Autores: Camila Alves, Bárbara Muniz, Moisés Copelman e Gerson Domingues

1. Apresentação do caso
Paciente de 27 anos, sexo masculino, com queixa de disfagia orofaríngea para sólidos e líquidos, há 5 meses, associada a perda ponderal de 35 kg no período, além de disfonia progressiva e regurgitação. Ao exame físico destacava-se a presença de voz anasalada e ptose palpebral bilateral.
Foi submetido à Endoscopia Digestiva Alta que não evidenciou alterações. Complementou-se a investigação com estudo de videofluoroscopia da deglutição, que evidenciou retenção de contraste acima da transição faringoesofagiana, além de esofagomanometria, que demonstrou ausência de contração faríngea. Diante desses achados, aventou-se o diagnóstico de Miastenia Gravis (MG). O paciente foi submetido à eletroneuromiografia, cujo resultado indicou disfunção da placa motora com padrão pós-sináptico, compatível com a suspeita diagnóstica.
Foi iniciado tratamento com corticoide e piridostigmina com consequente melhora clínica e ganho ponderal de 20 Kg, após 2 meses do início da medicação.
2. Discussão:
A MG é uma doença autoimune causada pela presença de anticorpos dirigidos a proteínas na membrana pós-sináptica da junção neuromuscular (receptores de acetilcolina ou proteínas associadas a receptores). Existem duas formas clínicas principais: ocular e generalizada. Na miastenia ocular, a fraqueza limita-se às pálpebras e aos músculos extraoculares. Na doença generalizada, a fraqueza comumente afeta os músculos oculares, mas também envolve uma combinação variável de músculos bulbares, dos membros e respiratórios.
A disfagia está presente em aproximadamente 15% dos doentes com MG, sendo que somente 6% possuem esse sintoma como manifestação inicial da doença. Diante dessa queixa, os pacientes podem ser submetidos ao estudo manométrico, que deve aventar o diagnóstico diante de achados sugestivos: diminuição do tônus basal do esfíncter esofagiano superior (EES), da amplitude e duração da contração faríngea. A presença de resíduos líquidos na rinofaringe, evidenciados pela videofluoroscopia, está relacionada com a redução do tônus basal do EES.
3. Comentários finais:
A MG pode apresentar disfagia como o único sintoma. Diante disso, é fundamental ter em mente as causas neuromusculares de disfagia e saber interpretar os estudos manométricos que podem nos guiar até o diagnóstico.

Área

Gastroenterologia - Motilidade Digestiva

Autores

Camila Alves Lopes, Bárbara Muniz De Souza Cruz, Moisés Copelman, Gerson Ricardo de Souza Domingues