XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ABSCESSO HEPÁTICO SECUNDÁRIO A PERFURAÇÃO DUODENAL APÓS INGESTÃO DE ESPINHA DE PEIXE: RELATO DE CASO

Resumo

Introdução:
Apesar da ingestão de corpo estranho ser comum na emergência, a complicação com perfuração de víscera oca e consequente formação de abscesso hepático é rara. Neste cenário, o diagnóstico e tratamento precoce proporcionam uma menor morbimortalidade.

Apresentação do Caso:
Paciente masculino, 63 anos com história de ingestão de espinha de peixe, procurou atendimento com dor abdominal, febre e vômitos. Após 20 dias de evolução, o paciente foi transferido ao nosso serviço. A tomografia de abdome (TC) demonstrou corpo estranho linear radiopaco (compatível com espinha de peixe) junto a parede de bulbo duodenal, medindo 23mm, migrando para o interior do segmento III do fígado, com abscesso hepático de 63ml contendo gás, estendendo-se para coleção subcapsular a esquerda com volume aproximado de 380ml. Administrado contraste oral, sem extravasamento. Devido a estabilidade do quadro, optado por manter antibioticoterapia (piperacilina tazobactam), jejum via oral e drenagem percutânea guiada por ecografia. No 1º dia após a drenagem foi liberada dieta líquida. O paciente recebeu alta hospitalar no 5º dia com antibiótico via oral por 14 dias, e mantido dreno percutâneo por mais 10 dias. No seguimento ambulatorial foi realizada nova TC após 6 meses, com manutenção do corpo estranho em mesmo local e sem abscessos ou coleções.

Discussão e Comentários Finais:
O primeiro relato de perfuração do trato gastrointestinal por espinha de peixe complicado com formação de abscesso hepático foi descrito por Lambert em 1898. Em casos como este, o diagnóstico é um desafio na prática clínica, sendo que os sintomas são inespecíficos e podem surgir dias após a ingesta do corpo estranho. Os exames laboratoriais podem apresentar alterações infecciosas e a TC se faz essencial nos casos com suspeita de complicações.
No caso relatado, o tratamento foi diverso do habitual, que em geral é cirúrgico. Devido a estabilidade clínica do paciente e ausência de peritonite, optamos por tratamento conservador, com drenagem percutânea do abscesso peri-hepático e antibioticoterapia, mantendo a espinha de peixe in situ. A maioria dos relatos com tratamento não cirúrgico cita a drenagem do abscesso associado a retirada do corpo estranho, por via cirúrgica ou transcutânea, associado a antibioticoterapia. Entretanto, na maioria dos casos, mesmo sendo mais invasiva, a abordagem cirúrgica continua sendo a primeira opção em casos de perfuração.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

MATHEUS ANTONIO CHICONELLI ZANGARI, MICHELI FORTUNATO DOMINGOS, RODRIGO PILTCHER DA SILVA, DOROTY EVA GARCIA FELISBERTO, CLAUDIA CECILIA ESCALANTE GUARISTI, EDUARDO JOSE BROMMELSTROET RAMOS, IAN RODSON MOREIRA DANTAS, DIEGO PRODOCIMO, RODRIGO MIIKE DA ROCHA, JULIO CESAR UILI COELHO, VIVIAN LAIS SASAKI