Dados do Trabalho
Título
Colectomia e confecção de bolsa como opção terapêutica em paciente jovem com retocolite ulcerativa e colangite esclerosante primária
Resumo
Apresentação do caso: Mulher, 42 anos, com diagnóstico de retocolite ulcerativa (RCU) em 2012 e colangite esclerosante primária (CEP), com falha de tratamento com infliximabe, vedolizumabe e tofacitinibe, interna eletivamente no hospital para colectomia total. Apresenta laudo de colonoscopia que evidenciou perda difusa de haustrações (classificação Mayo 3) corroborados pela peça anatômica (imagem 1), e seus exames (tabela 1) mostravam doença em atividade, com calprotectina fecal de 1026mg/kg - mesmo com uso correto de tofacitinibe. Levadas em conta as constantes agudizações, refratariedade aos tratamentos de escolha e perda de qualidade de vida, foi indicada a cirurgia após cuidadosa explicação dos prós e contras para a paciente. A colectomia vídeolaparoscópica foi a primeira de três cirurgias propostas, sendo as seguintes, confecção de bolsa ileal e reconstrução de trânsito, previstas, respectivamente, para 6 e 10 meses após a primeira abordagem.
No momento, paciente apresenta ótima recuperação pós-operatória, com melhora da qualidade de vida e do status trófico.
Discussão: Estima-se que até 30% dos pacientes com RCU necessitarão cirurgia¹, sendo a mais realizada a colectomia com confecção de ileostomia definitiva, neste caso, por tratar-se de paciente jovem em hospital terciário com treinamento e tecnologia que viabilizassem, optou-se pela estratégia que prevê a confecção de bolsa, visando reduzir impacto na qualidade de vida.
Ainda é incerto o impacto que a colectomia terá na evolução da CEP, porém, sabe-se que a coexistência das doenças implica em risco até 64% maior de inflamações da bolsa confeccionada² e, caso haja necessidade de transplante hepático futuro, a colectomia prévia leva a melhores resultados².
Comentários finais: Apesar de requerer mais de uma intervenção cirúrgica e, pela literatura, a colectomia com confecção de bolsa não ser superior à colectomia com ileostomia definitiva em qualidade de vida², a escolha da abordagem deve ser individualizada e levar em conta o paciente contemplado e a tecnologia e pessoal habilitados para o procedimento, tendo sido neste caso escolhida em conjunto com a paciente. Após o término das cirurgias, a paciente deverá ser acompanhada para CEP e surgimento de inflamações da bolsa ileal.
Bibliografia:
1- World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines doença inflamatória intestinal 2015
2- British Society of Gastroenterology consensus guidelines on the management of inflammatory bowel disease in adults
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Flavia Zuchen, João Pedro Vaz de Lima, Bruno Goulart da Silva, Érika Alvarenga Caramenez, Paulo Kotze, Dyego Sa Benevenuto, Antonio Carlos da Silva Moraes