XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

PANCREATECTOMIA CORPO-CAUDAL ROBÓTICA COM PRESERVAÇÃO ESPLÊNICA PARA TRATAMENTO DE TRANSFORMAÇÃO ACINAR CÍSTICA DO PÂNCREAS: RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Paciente masculino, 33 anos, hígido, foi internado por quadro de lombalgia. Durante internamento, foi realizada ressonância que evidenciou formação cística na cauda pancreática medindo 1,7 x 1,4cm, de paredes finas e contornos lobulados, septada, de aspecto microcístico, sugestiva de IPMN, sem sinais radiológicos de degeneração. Após a superação do quadro álgico, sem aparente correlação com a lesão pancreática, foi definido multidisciplinarmente pelo acompanhamento periódico com RM. Após um ano e quatro meses, apresentou discreto aumento da lesão, além de espessamento e realce das paredes do cisto, suscitando dúvida entre IPMN com degeneração, ou tumor neuroendócrino cístico. Paciente foi submetido a pancreatectomia corpo-caudal com preservação esplênica por via robótica com uso de ultrassonografia intra-operatória, cujo perioperatório se deu sem intercorrências. O laudo histopatológico evidenciou transformação cística acinar do pâncreas.
DISCUSSÃO
A transformação acinar cística do pâncreas (ACT, acinar cystic transformation) é um tipo raro de neoplasia originária das células acinares do pâncreas, também chamada de “acinar cell cystadenoma” que consiste em dilatações do epitélio ductal acinar, citoplasma eosinofílico e ausência de atividade mitótica. Foi descrita pela primeira vez em 2002 como achado de necrópsia, e reconhecida em 2010 como lesão neoplásica cística do pâncreas pela classificação da OMS. Desde então, foram relatados cerca de 80 casos na literatura mundial.A maioria dos casos são de mulheres na quarta década de vida com diagnóstico incidental, devido a outras causas de dor abdominal.
A raridade do ACT dificulta sua caracterização, sem tamanho ou localizações típicos, mas deve ser lembrado em casos de múltiplas imagens císticas coalescentes hipovasculares com septos finos, hipointenso em T1 e hiperintenso em T2 com eventual realce ao contraste. A análise do fluido também não tem achados suficientemente típicos para diferenciação, porém baixos valores de amilase e CEA são descritos. Pela raridade, e dificuldades de seguimento e biópsia de tais lesões, é difícil afirmar categoricamente seu comportamento histológico. Contudo, histologicamente não apresenta sinais de malignidade ou invasividade, e até a presente data não foram relatadas metástases ou óbitos relacionados à patologia.
COMENTÁRIOS FINAIS
O ACT é uma lesão rara e provavelmente benigna fazendo diagnóstico diferencial com as neoplasias císticas do pâncreas.

Área

Cirurgia - Pâncreas

Autores

Arthur Foinquinos Krause, Fernanda Braga Torres, Luiza Campos Corrêa de Araújo, Henrique Setti Lacerda, Luis Felipe Pohlmann Tabarelli, Daniel Oliveira Araújo, Gabriela Bacelar Gama Vieira, Camila Souza Freitas, Rômulo da Silva Furtado, Guido Corrêa de Araújo Júnior, Euclides Dias Martins Filho