XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Estado nutricional de 475 pacientes adultos com Doença Inflamatória Intestinal no nordeste do Brasil: um estudo multicêntrico.

Resumo

Introdução: Os pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) podem cursar com quadros de má absorção nas fases mais ativas. O controle clínico melhora o estado nutricional e diminui o risco de desnutrição e baixo peso. Em contrapartida, a prevalência do excesso de peso nos pacientes com DII apresenta tendência de crescimento semelhante à população geral. Há um número limitado de publicações que retratem a realidade dos pacientes brasileiros com DII em relação ao estado nutricional. Objetivo: Avaliar a prevalência de baixo peso, sobrepeso e obesidade em pacientes com DII acompanhados nos serviços de Gastroenterologia de hospitais universitários no Nordeste brasileiro. Método: Estudo transversal, multicêntrico, descritivo, de pacientes acompanhados em cinco hospitais universitários em três capitais do Nordeste brasileiro. As entrevistas foram realizadas de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Resultados: dos 475 indivíduos, 291 (61,0%) tinham diagnóstico de Retocolite Ulcerativa (RCUI), 178 (37,32%) tinham Doença de Crohn (DC) e 8 (1,68%) tinham colite indeterminada. A média de idade foi 43,2 anos, sendo 62,47% mulheres. Baixo peso esteve presente em 8,39%, 41,14% eram eutróficos, 33,12% tinham sobrepeso e 16,35% eram obesos. A prevalência de baixo peso foi mais alta em comparação à da população brasileira, os níveis de sobrepeso e obesidade semelhantes. O índice de baixo peso foi maior entre os pacientes com DC, 12,92% contra 5,5% na RCUI, enquanto o sobrepeso foi mais prevalente nos pacientes com RCUI, 36,08% contra 28,09% na DC. A prevalência de obesidade foi maior entre os pacientes com DC, 18,54% contra 16,35% na RCUI. Há estudos que relacionam a presença de sobrepeso e obesidade com piores desfechos clínicos, como a má resposta a tratamentos clínicos e a necessidade de internação hospitalar e de procedimentos cirúrgicos e ocorrência de complicações, podendo estar relacionado à condição inflamatória da obesidade, pela liberação de citocinas e proteínas de fase aguda, às alterações de microbiota e à menor biodisponibilidade das drogas para o tratamento da DII nesses pacientes. Conclusões: A prevalência de baixo peso nos pacientes com DII avaliados no Nordeste do Brasil foi maior em relação à população geral, enquanto a taxa de sobrepeso e obesidade foram semelhantes. Esses dados reforçam a importância de estar atendo ao estado nutricional desses pacientes e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar envolvendo médicos e nutricionistas.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Jones Silva Lima, Valéria Ferreira Martinelli, Lívia Medeiros Soares Celani, Marcelo Vicente Toledo Araújo, Maurilio Toscano Lucena, Graciana Bandeira Salgado Vasconcelos, Gustavo André Silva Lima, Fernando Jorge Firmino Nóbrega, George Diniz, Carlos Alexandre Antunes Brito