Dados do Trabalho

Título

Aplicação da Ecoendoscopia no diagnóstico e manejo de pacientes com adenocarcinoma de pâncreas – Experiência inicial de um serviço terciário

Introdução

Introdução: O adenocarcinoma de pâncreas é uma neoplasia de comportamento agressivo, frequentemente diagnosticado em estágios avançados. O tratamento cirúrgico, aliado à quimioterapia e radioterapia ainda é a única possibilidade curativa, porém apenas uma minoria dos pacientes apresentam tumores ressecáveis. Avanços na compreensão do comportamento desta neoplasia promoveram mudanças nos paradigmas de seu tratamento, dentre as quais a terapia neoadjuvante e a possibilidade de downstaging dos tumores se apresentam como alternativas. Neste contexto, a ecoendoscopia tornou-se importante, colaborando para o estadiamento locorregional da doença e permitindo a obtenção de amostras para seu diagnóstico definitivo.
Métodos: Foi realizado um estudo descritivo retrospectivo avaliando a casuística inicial em nosso serviço dos pacientes com suspeita de adenocarcinoma de pâncreas submetidos à ecoendoscopia.
Resultados: De 23 indivíduos submetidos à 26 ecoendoscopias em um período de 26 meses, 12 (52,2%) eram do sexo masculino. Os sintomas mais frequentes foram perda ponderal (82,6%), dor abdominal (78,2%), inapetência (47,8%) e icterícia (43,4%). A mediana do maior diâmetro do tumor foi de 3,5 cm. Invasão vascular ocorreu em 16 pacientes (69,5%). Linfonodomegalia foi observada em 14 pacientes (60,8%). Considerando todos os 26 exames realizados, em 12 a punção foi suspeita/positiva para neoplasia epitelial (46,1%). Em 9 exames a punção foi negativa (34,6%) e em 4 foi indeterminada/inconclusiva (15,3%). Foram encaminhados à quimioterapia 13 indivíduos (56,5%); 11 iniciaram a quimioterapia (43,4%). Nenhum paciente apresentou neoadjuvância efetiva. O tempo mediano entre atendimento inicial e atendimento oncológico foi de 78 dias.
Conclusão: A maioria dos pacientes apresentava neoplasia avançada. A acurácia da punção ecoguiada deve ser aprimorada, o que pode ser obtido com o uso da FNB e normatização de parâmetros citológicos e/ou histopatológicos definitivos. O período esperado entre o atendimento, realização do exame e atendimento na oncologia tem influência na baixa efetividade da neoadjuvância no estudo, juntamente ao estadiamento avançado à admissão.
Os pacientes se beneficiariam com possibilidades mais amplas de detecção menos tardia da doença na atenção primária, encaminhamento mais ágil para o serviço terciário e existência de ambulatórios multidisciplinares, com discussão sobre a proposta no primeiro atendimento e integração de condutas nos atendimentos seguintes.