XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ABORDAGEM VIDEOLAPAROSCÓPICA DE TUMOR DE CÉLULAS EPITELIOIDES PERIVASCULARES (PECOMA) HEPÁTICO: UM RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO:
Mulher, 36 anos, com queixa de dor em abdome superior há dois meses, foi encaminhada para avaliação do cirurgião hepatobiliar com imagem em ultrassonografia de massa sólida em lobo hepático esquerdo. RM com contraste hepatoespecífico mostrou lesão sólida de 10,0 x 9,5 cm nos maiores diâmetros, sem retenção do contraste na fase hepatobiliar, hipervascular, com hipossinal em T1 e sinal aumentado em T2, parcialmente exofítica, nutrida por artéria subsegmentar. Indicada para hepatectomia do setor lateral laparoscópica, conduzida sem intercorrências e com alta no terceiro dia de pós operatório.
Exame anatomopatológico revelou neoplasia nodular composta por células epitelióides, com citoplasma rarefeito, de aspecto reticular, núcleo oval com nucléolo basofílico evidente, entremeadas por grande quantidade de vasos de pequeno e médio calibre, desorganizados, sem figuras de mitose. Imunohistoquímica demonstrou positividade para Melan A, actina muscular lisa e negatividade para S100, citoceratina e HePpar-1, achados consistentes com o diagnóstico de tumor de células epitelióides perivascular (PEComa) hepático do tipo angiomiolipoma.
DISCUSSÃO:
Os PEComas foram reconhecidos em 2002 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grupo de tumores mesenquimais compostos por células epitelioides perivasculares de histologia e imunohistoquímica caraterísticas, sendo incluídos nesse grupo o angiomiolipoma, a linfangioleiomiomatose, entre outras neoplasias raras.
Podem surgir em qualquer local do corpo, especialmente no retroperitônio, sítios ginecológicos e, mais comumente, nos rins. O diagnóstico de PEComa primário do fígado é extremamente raro, sendo em sua maioria benignos. Os pacientes podem apresentar desde quadros assintomáticos até sintomas comuns como dor, desconforto e aumento do volume abdominal.
Pelo seu comportamento inespecífico nos métodos de imagem, o diagnóstico é, geralmente, concluído apenas após ressecção da lesão com a análise histopatológica demonstrando presença de diferentes proporções de tecido adiposo, músculo liso, vasos sanguíneos e células tumorais, além da análise imunohistoquímica.
COMENTÁRIOS FINAIS:
Apesar de extremamente raros, os PEComas hepáticos podem ser incluídos no diagnóstico diferencial dos tumores hepáticos. Com a expertise em cirurgia laparoscópica, tumores de comportamento atípico nesta topografia podem ser indicados para hepatectomia com menor morbimortalidade cirúrgica.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Luiza Campos Corrêa de Araújo, Henrique Setti Lacerda, Luis Felipe Pohlmann Tabarelli, Daniel Oliveira Araújo, Fernanda Braga Torres, Gabriela Bacelar Gama Vieira, Camila Souza Freitas, Cesar Henrique Alves Lyra , Arthur Foinquinos Krause, Guido Corrêa de Araújo Júnior