Dados do Trabalho

Título

Isquemia gástrica secundária a ateromatose no tronco celíaco e estenose de artéria mesentérica superior: Relato de caso.

Resumo

Apresentação do caso: paciente de 77 anos, sexo feminino, portadora de hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, obstrução arterial crônica e três episódios prévios de acidente vascular cerebral, procurou atendimento devido a dor abdominal de forte intensidade, acompanhada por episódios diarreicos há 25 dias. Realizou tomografia de abdome evidenciando acentuada ateromatose aórtica, com placas de ateroma na emergência do tronco celíaco e artéria mesentérica superior, com estenose maior que 50%. Foi encaminhada para realização de exame endoscópico, onde observou-se mucosa difusamente pálida, com múltiplas úlceras em todos os seguimentos, em sua maioria rasas, com fundo de fibrina, a maior delas medindo 3 cm em seu maior eixo, na vertente posterior da grande curvatura. Algumas das úlceras apresentavam áreas enegrecidas, sugestivas de necrose. A análise endoscópica sugeria etiologia isquêmica. Discussão: A isquemia gástrica resulta de insuficiência vascular difusa ou localizada, causada por diferentes etiologias como hipotensão sistêmica, vasculite, tromboembolismo disseminado e estenose celíaca ou mesentérica. Apresentamos um caso de isquemia gástrica por ateromatose significativa de tronco celíaco e estenose importante de artéria mesentérica superior. A artéria celíaca é o primeiro ramo principal da aorta abdominal e fornece parte do suprimento sanguíneo para o estômago através da artéria gástrica esquerda e de outros órgãos. Apesar da rica arcada vascular do estômago, quando há isquemia e progressão da mesma, pode culminar na necrose do órgão. Embora o suprimento sanguíneo colateral para o estômago seja protetor, a hipotensão sistêmica ou oclusão das artérias principais, como no caso da nossa paciente, pode resultar em isquemia gástrica. A debilidade geral da paciente é um importante fator que deve ser considerado no desenvolvimento da doença, uma vez que pacientes desnutridos e gravemente enfermos, apresentam redução geral dos mecanismos de defesa e regeneração da mucosa gástrica, contribuindo para a gravidade e extensão do acometimento da necrose. Comentários finais: Devido a um alto número de comorbidades e instabilidade clínica na qual foi admitida, a terapia endovascular seria uma alternativa à cirurgia para a paciente em questão. Infelizmente a paciente evoluiu a óbito antes de ser referenciada para o tratamento. A identificação precoce da síndrome é importante para adequada condução e tratamento dos pacientes.