Dados do Trabalho
Título
Achados micro e macroscópicos da endoscopia digestiva alta de pacientes submetidos a transplante de pâncreas com anastomose duodenoduodenal
Introdução
O transplante de pâncreas(TP) é um dos principais métodos de tratamento para pacientes com diabetes mellitus tipo1 e doença renal terminal. Existem várias técnicas para drenagem exócrina do TP, sendo a duodeno-duodeno anastomose(DDA) alternativa mais recente e que facilita o acesso endoscópico ao enxerto pancreático. Objetivos: Avaliar os achados de EDAs no duodeno nativo(DN) e do enxerto(DE) em pacientes submetidos a TP com DDA e oportunidades de intervenções. Métodos: Analisaram-se retrospectivamente 201 pacientes submetidos a TP com DDA em nosso serviço entre abril de 2011 e abril de 2022, sendo 79 do sexo masculino e idade variando entre 24 e 62 anos. Destes, 88(44%) pacientes foram submetidos a pelo menos uma EDA, de forma protocolar ou por disfunção do enxerto, totalizando 186 EDAs(93 protocolares e 93 por disfunção). Foram avaliados aspectos macro e microscópicos e intervenções endoscópicas. Resultados: As EDAs foram realizadas em média com 2 meses pós-operatório(1-52). Entre os achados macroscópicos dos duodenos, das 186 EDAs realizadas, alterações foram identificadas em 7% na mucosa do DN e em 22% dos DE. No DN, as principais alterações macroscópicas encontradas foram:duodenite enantematosa 4(2%),duodenite erosiva 4(2%) e hiperplasia linfoide 2(1%). No DE, os principais achados macroscópicos foram: duodenite enantematosa 17(9%),duodenite erosiva 15(8%),úlceras 3(1,6%),atrofia das vilosidades 2(1%) e hiperplasia linfoide 1(0,5%). Realizaram-se 77(41%) biópsias(Bx) de DN e 148(79,5%) de DE. Alterações microscópicas foram identificadas em 50% dos DN, sendo inflamatórias em 7(9%),edema e congestão vascular da lâmina própria em 3(4%) e duodenite por CMV em 2(3%); e em 42% dos DE, como edema e congestão vascular em 13(9%), rejeição celular aguda em 7(3,5%), duodenite por CMV em 5(3%), alterações inflamatórias em 4(2%). Intervenções endoscópicas foram realizadas em 2(1%) oportunidades, sendo elas:hemostasia com clip endoscópico em úlcera anastomótica e realização de papilotomia no enxerto devido a pancreatite por refluxo. O acesso ao DE foi possível em todas as EDAs e nenhuma complicação ocorreu após os procedimentos. Conclusão:EDAs foram utilizadas em 44% dos TP com DDA, com 100% de acessibilidade do DE e sem complicações. Entre os principais procedimentos endoscópicos, incluem-se as bx do DE, que demonstraram rejeição em 3,5% dos casos. Entre as principais intervenções endoscópicas incluem-se hemostasia de úlceras anastomóticas e papilotomia do DE.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Patricia Azevedo, Adriana Costa Genzini, Marcelo Perosa