XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Trauma hepático contuso evoluindo para pneumoperitônio por necrose hepática gasosa: um relato de caso

Resumo

Paciente feminina, 17 anos, atendida na emergência após trauma por acidente de motocicleta. Na admissão apresentava vias aéreas pérvias, dor a palpação abdominal em hipocôndrio direito, Glasgow 14. Sinais vitais: FC 128 bpm, PA 89/56mmHg, SATO2: 98%. Após medidas iniciais de reanimação obteve estabilidade hemodinâmica sendo realizado exames de imagem. Na tomografia (TC) de abdome foi evidenciado hemoperitônio e laceração hepática nos segmentos do lobo direito e no segmento IV, lesões grau IV segundo a classificação da AAST (the american association for the surgery of trauma). Optado por tratamento conservador devido a estabilidade hemodinâmica, sendo realizado controle de hemoglobina/hematócrito que se mantiveram estáveis. No 3° dia após o trauma a paciente evoluiu com taquicardia e piora da dor abdominal, optado por TC de abdome de controle, que evidenciou laceração hepática grau V, acometendo lobo hepático direito, sinais de desvascularização do rebordo hepático direito com sinais de sangramento ativo, gás no local e presença de pneumoperitônio. Realizado arteriografia para angioembolização que visualizou ausência de extravasamento de contraste e portografia indireta evidenciou ausência de fluxo sanguíneo nos segmentos hepáticos VI, VII, VIII.
Devido ao pneumoperitônio e a consequente suspeição de ruptura de víscera oca, realizado laparotomia no 4° dia após o trauma, com achados de lesão hepática com necrose e não identificado lesões de vísceras ocas, realizado controle de sangramento, drenagem de necrose hepática, controle hemostático e posicionado dreno tubo laminar em flanco direito. Paciente apresentou boa evolução pós-operatória. Devido a débito alto de conteúdo de aspecto biliar em dreno abdominal (300mL/12h) realizado CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) com realização de papilotomia no 2° pós-operatório. Paciente evoluiu satisfatoriamente, mantendo estabilidade hemodinâmica.
O tratamento não operatório do trauma hepático contuso é indicado aos pacientes com trauma grau I-V (AAST) que estejam hemodinamicamente estáveis e sem outras lesões que justifiquem cirurgia. Pneumoperitônio em exame de imagem após trauma gera a suspeição de lesão perfurativa de víscera oca, sendo indicação de tratamento cirúrgico, na ausência deste achado intra-operatório, justificou-se o pneumoperitônio devido à necrose hepática e formação de gás em seu parênquima tendo dissecado e se apresentado como ar livre na cavidade abdominal no exame de imagem.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Barbara Michels Martins, Lorena Carolina Neto Tellez, Francisco Schossler Loss, Arthur De Oliveira Dellagiustina, Manuella Bernardo Ferreira, Marcos Tulio Silva, André Luiz Parizi Melo, Orli Franzon