Dados do Trabalho
Título
Adenocarcinoma de papila duodenal em paciente de 27 anos
Resumo
Paciente feminina, 27 anos, com história de 4 semanas de icterícia, colúria, acolia e prurido cutâneo. Negava episódios anteriores e dor abdominal prévia. Sem comorbidades e antecedentes patológicos. De história familiar, mãe com câncer de colo de útero e dois tios com tumor em sistema nervoso central. Submetida a TC de abdome e RM para investigação, que evidenciaram acentuada dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas, até o plano da papila duodenal, sem fator obstrutivo identificado ao método. Optado pela realização de CPRE para investigação adicional e tentativa de desobstrução da via biliar. O exame demonstrou lesão ulcerada de aspecto infiltrativo na papila duodenal maior. Realizado biópsia da lesão e infundibulotomia para drenagem da bile. O anatomopatológico revelou adenocarcinoma bem diferenciado de papila duodenal maior. Após diagnóstico, realizado complementação com colonoscopia, devido a possível associação com câncer colorretal hereditário. Exame sem evidência de lesões colônicas. A paciente foi submetida a duodenopancreatectomia videolaparoscópica com reconstrução em alça única. Ocorreu sem intercorrências, apresentou boa evolução, recebendo alta hospitalar precoce. Mantém acompanhamento ambulatorial, aguardando resultado final de estudo anatomopatológico da peça cirúrgica.
Discussão: Carcinomas ampulares são raros, correspondendo a menos de 1% dos tumores gastrointestinais. Na investigação inicial pode ser desafiador determinar a origem do tumor (primário duodenal, pancreático ou colangiocarcinoma extrapancreático). Geralmente diagnosticados na 7ª década de vida e são mais comuns em homens. A ressecção é o único tratamento curativo. Alguns estudos correlacionaram a síndrome genética hereditária da polipose adenomatosa familiar com o aumento da incidência de câncer ampular. Indivíduos com câncer colorretal hereditário sem polipose, bem como síndromes de Peutz-Jeghers e Gardner, apresentam maior incidência de carcinoma ampular. Na maioria são adenocarcimomas e podem ser categorizados em dois subtipos: intestinal e pancreatobiliar, dependendo da célula de origem. O subtipo pancreatobiliar, que surge a partir do epitélio do ducto biliar comum ou do ducto pancreático distal, tende a ter pior prognostico que o intestinal, subtipo mais comum, originado do epitélio de dentro da ampola.
Comentários finais: Tumores ampulares nesta faixa etária devem levantar a suspeita de síndromes genéticas, principalmente associadas a tumores de cólon.
Área
Cirurgia - Pâncreas
Autores
Fernanda Kreve, Victor Kenzo Ivano, Felipe David Mendonça Chaim, Guilherme Callejas, Elinton Adami Chaim, Francisco Callejas, Martinho Gestic, Everton Cazzo, Murillo Pimentel Utrini