Dados do Trabalho

Título

Radiofrequência na ablação do esôfago de Barrett com displasia de baixo grau

Resumo

Introdução: O esôfago de Barrett é considerado uma condição pré-maligna com risco de evolução para adenocarcinoma de esôfago devido ao surgimento de áreas com displasia. A radiofrequência é uma opção na erradicação endoscópica dessas áreas de displasia.
Apresentação do caso: Paciente masculino, 68 anos, doença do refluxo gastroesofágico de longa data, refratária a inibidores da bomba de próton. Diagnosticado com esôfago de Barrett longo há 15 anos, possuindo extensão máxima circunferencial de 7cm e extensão máxima das projeções digitiformes de 10cm (classificação de Praga C7M10). Submetido a biópsias conforme protocolo de Seattle, sendo identificados múltiplos focos de displasia de baixo grau em esôfago de Barrett com epitelização colunar gástrica de tipo pilórico com metaplasia intestinal incompleta. As biópsias foram analisadas por patologistas especialistas em trato gastrointestinal. O resgate de biópsias prévias, realizadas há 6 meses no serviço, revelavam os mesmos achados. Em consenso com o paciente foi optado pela realização de radiofrequência. Procedimento realizado sem intercorrências, tendo o paciente recebido alta no mesmo dia. Após 3 dias, o paciente passou a cursar com dor retroesternal moderada e disfagia inclusive para líquidos. Submetido a nova endoscopia que identificou áreas de edema e eritema intensos, mas sem sinais de perfuração, sangramento, úlceras, estenose ou outras complicações em esôfago. Otimizada a analgesia e mantido o uso de inibidor da bomba de próton e sucralfato. Paciente evolui com melhora clínica progressiva ficando assintomático após 4 dias.
Discussão: Pacientes com esôfago de Barrett e displasia de baixo grau se beneficiam de intervenções ablativas como a radiofrequência, fazendo com que este método, venha ganhando cada vez mais espaço na prática diária, em detrimento somente da vigilância endoscópica. Múltiplos estudos, incluindo metanálises, tem mostrado que esta é uma modalidade segura e eficaz com altas taxas de sucesso na abordagem da displasia. Do ponto de vista técnico é um procedimento de fácil execução e rápida curva de aprendizado. Uma das complicações relacionadas ao método é a presença de dor após o procedimento, devendo-se atentar a qualidade da analgesia oferecida ao paciente.
Comentários finais: A radiofrequência é segura e eficaz na abordagem da displasia do esôfago de Barrett. A divulgação da técnica, benefícios e indicações pode tornar o método mais acessível e reprodutível.