XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumor estromal gastrointestinal (GIST) em delgado simulando tumor de ovário: relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso:
Paciente do sexo feminino, 86 anos, encaminhada a serviço de referência em cirurgia oncológica no Rio Grande do Norte por achados em uma séria de exames de imagem (ultrassonografia de abdome (USG), tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética de pelve (RNM)) que evidenciaram espessamento endometrial e massa anexial suspeita medindo cerca de 5 cm, a qual foi observada mudança de posição (nos exames realizados inicialmente (USG e TC), estava em anexo direito, na RNM (2 semanas depois), estava adjacente ao útero e anexo esquerdo. Não realizada investigação aprofundada do útero (histeroscopia) por paciente ser virgem. Foi programada a cirurgia para ressecção do tumor de ovário, não sendo encontrado durante o procedimento, no entanto, durante o inventário, foi encontrada tumoração em intestino delgado. Assim, foram realizadas: histerectomia total ampliada (pois não foi realizada investigação aprofundada), linfadenectomia retroperitoneal pélvica e enterectomia (10 cm de alça), com enteroanastomose término-terminal das alças (à 80 cm do Treitz). A cirurgia ocorreu sem intercorrências, a paciente recebeu alta após 7 dias. O perfil imuno-histoquímico, associado aos achados morfológicos, corrobora o diagnóstico de tumor estromal gastrointestinal (GIST).
Discussão:
Os GISTs correspondem a cerca de 1% das neoplasias gastrointestinais malignas, sendo, a maioria localizados no intestino delgado e estômago. Frequentemente, são difíceis de diagnosticar por imagem devido às suas características tipicamente heterogêneas e inespecíficas. Alguns casos na literatura relataram GISTs que foram considerados neoplasias ginecológicas até o momento da cirurgia. Sangramentos de origem gastrointestinal são a forma de apresentação mais comum dos GISTs maiores, tanto agudos quanto crônicos. No entanto, tumores menores são frequentemente assintomáticos e descobertos durante cirurgias, exames radiológicos ou endoscópicos. O tratamento curativo se dá por meio da ressecção completa da massa e terapia alvo em tumores irressecáveis, ou no intuito de promover uma ressecção R0.
Comentários Finais:
Apesar de ser um evento raro, o caso alerta acerca da necessidade da avaliação de múltiplas hipóteses pelo médico assistente e radiologista e da valorização de achados radiológicos seriados. Tais condutas promovem uma investigação mais profunda e assertiva, evitando procedimentos ineficazes e favorecendo o paciente.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Matheus Felipe Muniz da Silva, Emerson Kennedy Ribeiro de Andrade Filho, José Tóvenis Fernandes Júnior, Francimar Ketsia Serra Araujo Barbosa, Layane Barreto Costa, Eduardo Otto Gomes, Maria Clara Dantas Valle Soares, Gustavo Torres Lopes Santos