Dados do Trabalho
Título
Hemorragia digestiva por varizes gástricas: terapêutica endoscópica e radiologia intervencionista
Resumo
Apresentação do caso: Paciente do sexo masculino, 53 anos, natural de São Paulo, com histórico de hipertensão portal não cirrótica por trombose de veia porta, diagnosticada após identificação de plaquetopenia em exames de rotina (2009). Já previamente realizadas 9 sessões de ligaduras elásticas por varizes esofágicas e uma injeção de cianoacrilato em variz de fundo gástrico (VG) em outro serviço. Em julho de 2022 evoluiu com novo episódio de hemorragia digestiva com grave repercussão hemodinâmica, sendo admitido em leito de UTI. Realizada Endoscopia Digestiva Alta, evidenciando varizes esofágicas erradicadas e em região subcárdica, notavam-se três enovelados de varizes que se estendiam para o fundo gástrico (GOV-2), sem pontos de ruptura e sem sinais de sangramento ativo, porém com presença de sangue na câmara gástrica. Realizada punção da variz com injeção de cianoacrilato 0,5 ml sem intercorrências. Paciente evoluiu com nova queda hematimétrica e enterorragia, sendo realizada outra EDA e identificado um ponto de ruptura, sem sinais de sangramento ativo na VG. Realizada nova punção próximo ao ponto de ruptura, com injeção de cianoacrilato 0,5 ml. Paciente posteriormente submetido a AngioTC que evidenciou sinais de trombose da veia porta com abundante circulação colateral, shunt esplenorrenal, bem como entre a veia mesentérica superior e a veia cava inferior e dilatação da veia esplênica com aparente fístula arteriovenosa no hilo esplênico. Devido sangramento digestivo refratário à terapêutica endoscópica, acionado equipe de radiointervenção que realizou embolização com mola e cianoacrilato, ocluindo satisfatoriamente a fístula arteriovenosa sem mais caracterização das varizes gástricas. Discussão: O tratamento ideal de varizes gástricas permanece controverso devido à falta de dados de grandes ensaios clínicos randomizados. Em geral, o sangramento da VG pode ser controlado por terapias que reduzem a pressão portal (β-bloqueadores, cirurgia de derivação e TIPS - transjugular intrahepatic portasystemic shunt) ou aquelas que visam diretamente a variz gástrica (terapia de injeção endoscópica, ligadura elástica endoscópica, agente trombogênico e BRTO - balloon occluded retrograde tranvenous obliteration). Comentários finais: O BRTO/BRTO modificado demonstrou ser uma ferramenta eficiente e segura para o manejo da hemorragia da VG pois apresenta alta taxa de obliteração, baixa taxa de ressangramento, baixa taxa de mortalidade além de ser menos invasiva que o TIPS.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Ana Carolina de Campos, Arthur de Campos Leite Ascava, Tiago da Silva Alvarenga Guimarães, Yuri Guimarães Tavares, Frank Shigueo Nakao, Ramiro Colleoni Neto, Rodrigo Strehl Machado, Stephan Geocze