Dados do Trabalho
Título
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA: QUAL O MOMENTO IDEAL PARA A ENDOSCOPIA?
Resumo
Introdução: A hemorragia digestiva alta (HDA) é uma afecção de alta prevalência e mortalidade significativa. Atualmente, a endoscopia digestiva alta (EDA) é uma ferramenta essencial no manejo da HDA, oferecendo tanto a oportunidade para diagnóstico etiológico quanto para a terapia hemostática, reduzindo a mortalidade e as complicações. Entretanto, a determinação do melhor momento para a realização do procedimento é frequentemente motivo de discordância, tanto na literatura quanto entre as equipes assistenciais. Objetivos: Este trabalho procura analisar dados recentes que possam auxiliar os serviços de saúde na definição do período de tempo ideal entre a apresentação à gastroenterologia e a realização da EDA, otimizando a coordenação entre as equipes de assistência clínica e equipes de endoscopia e, consequentemente, os desfechos do paciente com HDA. Método: Utilizamos a ferramenta de pesquisa ‘’UpToDate’’ e a base de dados ‘’PubMed’’, procurando pelas palavras-chave ‘’upper gastrointestinal bleeding endoscopy’’. Foram selecionados 3 trabalhos, baseando-se na data de publicação e credibilidade das instituições responsáveis pelos mesmos. Resultados: A EDA é o método diagnóstico de escolha na HDA, permitindo a estratificação de risco e, muitas vezes, o tratamento imediato. Vários estudos tentam determinar se a EDA urgente (em até 6 horas) é capaz de melhorar o prognóstico e a utilização de recursos, com resultados conflitantes entre os mesmos. Um ensaio clínico randomizado que avaliou 516 pacientes com HDA de alto risco, comparando a EDA urgente (dentro de 6 horas da consulta com a gastroenterologia) com a precoce (dentro de 24 horas), não evidenciou diferença em mortalidade ou desfechos secundários (como ressangramento e tempo de internação). Conclusão: Os achados indicam que a estabilização clínica e o tratamento medicamentoso são elementos primordiais do manejo da HDA, reduzindo a necessidade de tratamento endoscópico. A priorização imponderada da endoscopia nesse cenário pode ser prejudicial, sendo que a otimização medicamentosa, avaliação de comorbidades e estudo do caso devem ser valorizados em pacientes estáveis. Assim, preconiza-se, de forma geral, a EDA dentro de 24 horas da apresentação, de forma complementar ao tratamento clínico. É importante ressaltar que estes achados não se aplicam a pacientes que não atingiram estabilidade hemodinâmica clinicamente, e este grupo deve ser submetido à hemostasia endoscópica assim que possível.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Aleksandro de Oliveira Marius, João Vitor Goulart Marius, Pedro Henrique Goulart Marius