XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tratamento cirúrgico de hérnia hiatal recidivada e encarcerada, um relato de caso

Resumo

Feminino, 26 anos com queixa de dor epigástrica há 1 ano, piora na última semana, sem melhora nas últimas 24 horas e associado a náuseas e vômitos. Paciente com antecedente de cirurgia antirrefluxo há 6 anos e obesidade grau II. Ao exame apresentava somente dor importante a palpação de epigástrio. Tomografia identificou migração da câmara gástrica para a cavidade torácica, configurando quadro de hérnia hiatal volumosa encarcerada sem sinais de sofrimento do órgão. Realizado inicialmente tratamento conservador com passagem de sonda nasogástrica por 48 horas. Apesar da melhora inicial, a paciente apresentou recorrência da dor após reintrodução da dieta, sendo indicada a abordagem cirúrgica videolaparoscópica. No intraoperatório identificado hiato esofágico de grandes dimensões, aderências firmes do fundo gástrico e volvo gástrico parcial, sem sinais de sofrimento do órgão. Realizada hiatoplastia por aproximação dos bordos diafragmáticos com Ethibond 2-0. Paciente apresentou boa evolução, iniciado dieta liquida no 2º pós operatório, recebeu alta no 5º pós operatório com dieta pastosa no 1º mês. Atualmente paciente assintomática, aguardando endoscopia de controle.
A fisiopatologia das hérnias hiatais volumosas envolve a perda da integridade do ligamento freno-esofágico secundário ao desbalanço entre as pressões intra-abdominal e torácica. É consenso que a obesidade é fator independente para seu desenvolvimento, e para recidiva após correção cirúrgica. Sua manifestação clínica pode ser insidiosa e inespecífica. No caso descrito a paciente apresentava-se com recidiva após correção cirúrgica e com complicação, o encarceramento. Neste cenário, cabe a discussão sobre o momento ideal para abordagem e sua técnica. Na ocasião a proposta inicial era o desercarceramento com auxílio da sonda nasogástrica e posterior programação eletiva após perda ponderal, o que reduziria a probabilidade de nova recidiva. A manutenção dos sintomas da paciente descrita abreviou sua abordagem cirúrgica. Nosso serviço não dispõe de próteses biológicas e assim foi optado pela aproximação dos bordos diafragmáticos.
As hérnias hiatais volumosas e suas complicações são um desafio para o cirurgião do aparelho digestivo, o momento ideal para correção dependerá muito da apresentação clínica do paciente e da presença ou não de complicações. A técnica adotada, com síntese primária ou com uso de próteses biológicas dependerá da disponibilidade e da presença de sofrimento dos órgãos acometidos.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

BARBARA PARENTE COELHO, NICOLAS PIVOTO, MAURO MASSON LERCO, MARIA APARECIDA COELHO DE ARRUDA HENRY