Dados do Trabalho
Título
A CIRURGIA METABÓLICA COMO OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA A DIABETES MELLITUS TIPO 2
Resumo
INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma epidemia que representa um grande problema de saúde pública mundial, responsável por 95% de todos os casos de diabetes. Em 2017, o Conselho Federal de Medicina aprovou a indicação da cirurgia metabólica para pacientes com DM2 com obesidade grau I, isto é, com IMC entre 30 e 34.9 Kg/m2. O bypass gastrointestinal em Y-de-Roux (BGYR), método mais utilizado no tratamento cirúrgico da obesidade no mundo, induz uma repercussão metabólica que altera o perfil hormonal digestivo, causando efeito entero-endócrino capaz de funcionar como alvo terapêutico para o tratamento da DM2. Isso porque, além da redução na ingestão calórica e no peso pela via restritiva, o rearranjo na anatomia gastrointestinal favorece o controle glicêmico no pós-operatório.
OBJETIVO: Compreender as implicações endócrinas e eficiência do BGYR para reversão do quadro de DM2.
MÉTODO: Foi realizada uma revisão literária nas bases de dados UpToDate, Scielo e Google Acadêmico, utilizando os descritores: Cirurgia Bariátrica, Diabetes Mellitus e Bypass Gástrico.
RESULTADOS: A interação entre a alta quantidade de tecido adiposo e o nível glicêmico provoca uma glicotoxicidade que atinge as células beta pancreáticas, causando exaustão, apoptose e diminuição da tolerância à glicose. O BGYR é uma cirurgia mista, seu componente restritivo advém da criação de uma pequena bolsa gástrica proximal na curvatura menor, já o desabsortivo pela reconstrução em Y-de-Roux. A grelina, hormônio estimulante da fome, é produzida no fundo gástrico, área excluída após a cirurgia, minimizando, assim, sua ação estimulante. O peptídeo YY (PYY) e o "glucagon-like peptide-1"(GLP-1) são produzidos em porções baixas do trato digestivo em resposta à presença alimentar, promovendo a redução do apetite e saciedade. O GLP-1 também possui efeito incretínico, sendo estimulador proliferativo das células beta, aumentando a secreção de insulina. Após o BGYR, o alimento chega mais rapidamente nas porções distais do intestino delgado, gerando aumento significativo dos níveis pós-prandiais de hormônios anorexígenos, como o GLP-1 e PYY, e baixo suprimento hormonal orexígeno, como a grelina, em comparação com os valores pré-operatórios.
CONCLUSÃO: O BGYR desencadeia mudanças nos padrões metabólicos e neuro-endócrinos, favorecendo melhoria e até cura da DM2.
Área
Cirurgia - Obesidade
Autores
Miguel Sousa Annuzzo, Luiza Fernanda Machado Vasconcelos