XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Linfoma difuso de grandes células B do colón em paciente com doença de Crohn em atividade: uma rara complicação de difícil diagnóstico diferencial e abordagem terapêutica.

Resumo

Apresentação do Caso. Homem, 37 anos, com diarreia diagnosticado como Colite Ulcerativa em 2016. Iniciou mesalazina com melhora clínica tendo suspendido por conta própria. Em janeiro de 2021 apresentou recidiva, com diarreia 4 episódios/dia, tendo reiniciado a mesalazina e corticoide sem melhora. Seis meses após os sintomas se intensificaram, com diarreia 10 episódios/dia, com sangue e muco, dor abdominal moderada e perda de 10kg. Calprotectina fecal > 1000 µg/g. A colonoscopia evidenciou atividade intensa, com úlceras profundas e extensas por todo o cólon e ílio terminal, com áreas normais intercaladas, compatível com Doença de Crohn (DC). Apresentava anemia (Hb: 10,3g/dl). Indicado anti-TNF associado a azatioprina pela intensidade de doença e corticodependencia, e rotina preparatória para uso de terapia biológica enquanto aguardava o histopatológico. O exame histopatológico/imunohistoquimica evidenciou Linfoma não-Hodgkin Difuso de Grandes Células B (LDGCB). PET-CT evidenciou componente de DII associado. Foi iniciada quimioterapia e para DII apenas mezalazina e corticóide doses baixas intermitentes. Colonoscopia em maio de 2022, após quimioterapia, evidenciou melhora do padrão com úlceras em cicatrização, intercaladas por outras com atividade inflamatória. A histologia não identificou neoplasias, porém havia atividade inflamatória própria da DC. Em virtude da persistência dos sintomas foi iniciado vedolizumabe e metotrexato com melhora clínica. Discussão: O LDGCB é uma neoplasia rara em pacientes com DII, com apenas 14 relatos de caso no pubmed. Sua ocorrência está mais associada à DC, sexo masculino, duração e extensão da colite e a terapia imunomoduladora. Algumas dessas medicações para a DC aumentam o risco de desenvolvimento de neoplasias por diminuir a ação anticarcinogênica do sistema imune, porém o caso em discussão não tinha passado de uso de droga imunossupressora no momento do diagnóstico. Comentários finais. Relatamos um caso raro de linfoma de colón com achado colonoscópio compatível com D. Crohn, alertando para a importância do histopatológico e do diagnóstico diferencial. O caso reforça a necessidade de um controle da atividade da DII para reduzir o risco de complicação neoplásica. A terapia da DII diante de paciente em quimioterapia e com linfoma foi um desafio adicional levando a escolha das drogas mais seguras e com menor risco de induzir neoplasia ou infecções.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Valeria Ferreira Martinelli, Douglas Coelho Oliveira, Pedro Vinício Santos Albuquerque Melo, Pedro Martinelli Barbosa, Alexandre Barros Loback, Carlos Alexandre Antunes Brito