XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE CROHN COM ACOMETIMENTO ESOFÁGICO E APRESENTAÇÃO ENDOSCÓPICA ATÍPICA

Resumo

Relato de caso: CFL, 33 anos, masculino. Em 2015 diagnosticado com retocolite ulcerativa (RCUI) pancolônica em outro serviço. Na época apresentou fístula perianal com rápida cicatrização após tratamento clínico. Iniciou acompanhamento com a gastroenterologia de hospital terciário em 2017, quando internou por enterorragia, dor abdominal e síndrome de Sweet. Apesar do uso de mesalazina e azatioprina, persistia corticodependente, foi optado por uso de imunobiológico anti-TNF (infliximabe), que iniciou no fim de 2018. Passou a apresentar artralgias de grandes articulações e dispepsia, mantendo queixas intestinais. Colonoscopia após início de biológico mantinha atividade de doença e anatomopatológico (AP) foi consistente com diagnóstico de doença de Crohn (DC). Em 2019 foi otimizado infliximabe, mas ao longo de 2020 teve nova falha terapêutica. Foi submetido a endoscopia digestiva alta (EDA) e colonoscopia, com pseudopólipos em esôfago médio/distal e em todo cólon. AP esofágico com processo inflamatório crônico inespecífico e intensas alterações hiperplásicas. Optado por trocar biológico para adalimumabe, que em 2021 também teve dose otimizada, com perda de resposta posterior. Atualmente segue corticodependente, aguardando ustequinumabe.

Discussão: A DC é uma doença inflamatória intestinal crônica resultante da interação complexa entre fatores ambientais, microbiológicos e genéticos. Qualquer segmento do trato gastrointestinal (TGI) pode ser afetado. O esôfago é acometido em 3,3-6,8% dos adultos, com um diagnóstico desafiador, já que os sintomas podem se sobrepor a esofagite erosiva ou doença de refluxo, além da histologia inespecífica. Em média, o tempo entre o diagnóstico de DC e o envolvimento esofágico é de 3 anos, no entanto, quando EDA é realizada ao diagnóstico, 43% dos pacientes tem certo acometimento esofágico, habitualmente com ulcerações e erosões. A DC no TGI alto prediz pior prognóstico, geralmente relacionada a atividade da doença em outras topografias.

Comentários Finais: Relatamos o caso de paciente adulto com diagnóstico inicial de RCUI. Ao longo dos anos apresentou sintomas extraintestinais, com acometimento cutâneo, articular e esofágico. Em seu acompanhamento, teve sintomatologia inespecífica (dispepsia), bem como apresentação endoscópica atípica do acometimento esofágico (pseudopólipos). Reforçamos a importância do estadiamento de portadores de DC com EDA, para estudo do real acometimento do TGI pela doença e adequação terapêutica.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

ELISA CANTÚ GERMANO DUTRA, DANIELA ESTEPHANY DELGADO GUEVARA, JANDIR SANTOS SILVA, FERNANDA AMORIM SCHMIDT, GUILHERME BROLESI ANACLETO, VIVIAN SOUZA MENEGASSI, PAULA KUHL ANJOS, LEANDRO MARINS, LETÍCIA STAHELIN, ANA CLÁUDIA BIERHALS VIEGAS, VIRIATO JOÃO LEAL CUNHA, CÍNTIA ZIMMERMANN MEIRELES