XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Carcinoma espinocelular de reto em paciente com retocolite ulcerativa, um relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: E.R, masculino, 38 anos, admitido em pronto socorro devido quadro de diarreia crônica há cerca de 2 meses (5 vezes ao dia), tenesmo e hematoquezia com piora há 2 semanas. Paciente com diagnóstico prévio de retocolite ulcerativa (desde 2016), com tratamento irregular com mesalazina oral e supositório, além de uso inadvertido de corticoide (prednisona 10 mg/dia) há 2 anos. Realizado retossigmoidoscopia, aparelho introduzido até 8cm da margem anal, onde observou-se presença de estenose circunferencial, impedindo a progressão do aparelho associada a mucosa hiperemiada e friável. As biópsias de mucosa evidenciaram carcinoma de células escamosas “in situ”. Realizadas tomografias de crânio, tórax e abdome que não demonstram lesões a distância. Discussão: O carcinoma espinocelular (CEC) retal é uma malignidade rara do trato gastrointestinal. A patogênese subjacente e os fatores de risco ainda não foram claramente definidos. A associação mais forte evidente na literatura é a de proctite, secundária à colite ulcerativa. O sintoma mais frequentemente relatado é por sangramento retal, seguido menos comumente por alteração do hábito intestinal. O CEC retal tem uma aparência endoscópica variada, dependendo do estágio da doença. Historicamente, a cirurgia foi adotada a partir do tratamento do adenocarcinoma retal com a técnica operatória, dependendo do estágio e localização do tumor, como tratamento padrão, porém após a validação do protocolo de Nigro em vários ensaios clínicos randomizados, a quimioterapia tornou-se o tratamento padrão aceito para CEC anal. Comentários finais: Conforme dito anteriormente, CEC de reto é um tumor raro com comportamento agressivo, sendo que sua epidemiologia, patogênese, prognóstico e manejo terapêutico não estão bem definidos, associando-se a exposição prévia à radiação, infecções crônicas entéricas (amebíase ou esquistossomose), vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus do papiloma humano (HPV) e inflamação retal crônica (por exemplo, colite ulcerativa), sendo este último o caso do paciente apresentado. Conforme visto, não há diretrizes de tratamento mas o CEC não metastático apresenta boa resposta a quimioradioterapia, terapia a qual foi proposta ao nosso paciente relatado.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Ana Paula Zabott, Renata Barth Almeida, Artur De São Thiago Gomes, Emely Kaori Iida, Marcelo Ochoa, Hercilio Fronza Junior, Vanessa Durieux Roberge