XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Estrongiloidíase disseminada, um relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: Masculino, 41 anos, queixa de perda ponderal não intencional há 20 dias, associado a dor epigástrica, náuseas, vômitos e odinofagia. Portador de HIV com diagnóstico 3 dias antes da internação. À inspeção, lesões purpúricas lineares periumbilicais formando aspecto tuneiforme. Realizado endoscopia digestiva alta, a qual observou-se pangastrite erosiva severa, mucosa recoberta por fibrina amarelada, friável ao toque do aparelho, que se estendia até 2º porção duodenal. A análise histopatológica de corpo, antro e duodeno confirmaram a presença de "Strongyloides stercoralis". Tomografias de abdome e tórax evidenciaram, respectivamente, ascite moderada, linfonodomegalia mesentérica, opacidade pulmonar em vidro fosco associado a lesões centrolobulares ramificadas. Cinco dias após admissão, paciente evolui a óbito por choque séptico de foco pulmonar. Discussão: A infecção pelo Strongyloides stercoralis é amplamente relatada em populações imunocomprometidas, principalmente naqueles com síndrome inflamatória de reconstituição imune, sendo considerado endêmico em áreas rurais de regiões tropicais e subtropicais, com prevalência global estimada em 100 milhões de casos. Os sintomas gastrointestinais incluem dor abdominal, diarreia aquosa, perda de peso, disfagia, odinofagia, náuseas e vômitos. Em casos graves, pode haver ascite, síndrome de má absorção com anasarca e hepatite. Endoscopicamente é capaz de gerar esofagite, gastrite, duodenite, jejunite, ileíte, colite e proctite. A ulceração da mucosa é mais comum no intestino delgado, mas pode ocorrer em qualquer região. O diagnóstico parasitológico baseia-se na visualização das larvas nas criptas gástricas ou glândulas duodenais, em diferentes estágios evolutivos, com infiltração eosinofílica da lâmina própria. A terapêutica inclui antiparasitário em casos limitados, e quando disseminado, a associação com antibioticoterapia com cobertura para gram-negativos entéricos. Comentários Finais: O caso descrito corresponde a estrongiloidíase disseminada, hipótese diagnóstica que deve sempre ser considerada em pacientes imunocomprometidos. O atraso no diagnóstico é fator determinante no prognóstico, sendo que a taxa de mortalidade varia entre 70 a 100% dos casos, rigorosamente relacionado ao grau de imunossupressão e presença de bacteremia.

Área

Gastroenterologia - Estômago/Duodeno

Autores

Ana Paula Zabott, Renata Barth Almeida, Artur de São Thiago Gomes, Emely Kaori Iida, Hercílio Fronza Júnior