XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Características endoscópicas e histológicas da doença enxerto-contra-hospedeiro aguda do trato gastrointestinal em pacientes pós transplante de medula óssea alogênico: análise retrospectiva.

Introdução

Introdução: a doença do enxerto-contra-hospedeiro aguda (DECH-A) acomete 20 a 40% dos pacientes submetidos a transplante de medula óssea (TMO) alogênico, e é uma das principais causas de morbi/mortalidade nestes indivíduos. Os sintomas são inespecíficos e o diagnóstico do comprometimento do trato gastrointestinal (TGI) é desafiador. A endoscopia com biópsias tem papel importante, porém, não há consenso na literatura sobre a melhor abordagem. Objetivo: descrever achados endoscópicos e histológicos em pacientes com suspeita clínica de DECH-A do TGI. Métodos: estudo transversal retrospectivo baseado na revisão de prontuários dos pacientes submetidos a TMO alogênico em hospital terciário de São Paulo. Resultados: No período de Janeiro/2020 a Maio/2022 foram realizados 91 TMO alogênicos. 33 pacientes apresentaram suspeita de DECH-A do TGI, baseado nos seguintes sintomas: náuseas (10), vômitos (5), diarreia (9), anorexia (8), dor abdominal (3) e sangramento (1). Destes, 28 foram submetidos à pelo menos um exame endoscópico (27 endoscopias digestiva alta, 4 colonoscopias e 5 retossigmoidoscopias) com biópsias realizadas aleatoriamente (em regiões endoscopicamente normais ou não) a critério dos médicos responsáveis pelo paciente. A mediana de tempo decorrido entre o TMO alogênico e o exame endoscópico foi de 50 dias (20 – 95). Os achados endoscópicos descritos foram inespecíficos, incluindo enantema, erosões, úlcera gástrica e apagamento de pregas duodenais. O estudo histológico confirmou o diagnóstico de DECH-A em 57% dos exames (16/28), com 6 casos demonstrando envolvimento difuso do TGI alto e baixo. A biópsia de tecido endoscopicamente normal demonstrou alterações compatíveis com DECH-A no esôfago em 2/7, estômago em 1/1, duodeno em 6/12, íleo terminal em 3/3 e reto em 1/1 pacientes. Nas biópsias em áreas endoscopicamente alteradas, achados compatíveis com DECH-A foram observados no estômago em 13/14, duodeno 4/4, cólon 3/3 e reto 4/4. Cinco pacientes apresentavam esofagite erosiva ao exame endoscópico porém o anátomo-patológico não evidenciou alterações sugestivas de DECH-A. Conclusão: Considerando o aspecto retrospectivo do estudo e o tamanho da amostra, a alta prevalência (54%) de alterações histológicas em segmentos endoscopicamente normais sugere a importância da biópsia endoscópica em pacientes com suspeita de DECH-A do TGI.

Área

Endoscopia - Miscelânea

Autores

Alexis Carvalho Hooper, Fernanda Prata Martins, Bruna Lemos Silva, Bruna Ribeiro Krubniki, Pedro Henrique Teles Prado, Rosival Vicente de Paula, Lívia Maria Pacelli Marcon Biagioni, Bruno Trentini, Teófilo Galvão de Mendonça, Samuel Galante Romanini, Lucas Vasco Aragão, Paula Cristina de Morais Freitas, Ricardo Anuar Dib, Tomazo Antônio Prince Franzini