XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Ingestão de múltiplos ímãs em formato de esfera: plano de abordagem para urgência

Resumo

Apresentação do caso: Paciente do sexo feminino, 1 e 7 meses, 10 kg, natural e procedente de São Paulo. Sem comorbidades. Mãe relata que a criança apresenta há aproximadamente 12 horas, queda do estado geral, hiporexia e vômitos. Realizado raio-x de abdome e identificado imagem radiopaca em formato de “colar de pérolas” na região epigástrica, referido pela mãe como brinquedo de mesa composto por imãs. Realizada endoscopia digestiva alta, sem alterações, não sendo identificado corpo estranho nos segmentos examinados. Paciente foi encaminhado à cirurgia, realizado enterotomia e gastrotomia com retirada 37 corpos estranhos magnéticos aderidos, sem intercorrências. Checado com novo exame radiológico, ausência de outros corpos estranhos remanescentes. Discussão: Ímãs de alta potência compostos por neodímio, são componentes comuns em eletrodomésticos. Esses ímãs também estão disponíveis na forma de brinquedos de mesa e "aliviadores de estresse". A suspeita de ingestão de qualquer ímã de alta potência requer uma avaliação urgente para determinar um plano de abordagem, que depende do número, localização e tamanho dos objetos. Dois ou mais imãs, especialmente se ingeridos em momentos diferentes, podem atrair camadas do intestino, levando a necrose por pressão, fístula, volvo, perfuração, infecção ou obstrução. Mesmo pacientes assintomáticos devem ter os imãs retirados, se acessíveis por endoscopia digestiva. A abordagem de paciente com vários ímãs além do estômago depende dos sintomas e da progressão. Pacientes assintomáticos devem ser acompanhados de perto com radiografias e exames seriados a cada quatro a seis horas. Alternativamente, os ímãs podem ser removidos por enteroscopia ou colonoscopia, se acessíveis. Pacientes sintomáticos, ou qualquer paciente com múltiplos ímãs que não progridam em radiografias seriadas, devem ser submetidos a cirurgia para remoção. Comentários finais: A maioria dos casos de ingestão de corpo estranho ocorrem em crianças entre seis meses e três anos de idade. Muitas são assintomáticas ou apresentam sintomas transitórios no momento da ingestão. O manejo se concentra na identificação e tratamento dos casos com risco de complicações, que dependem da localização, número e do tipo de corpo estranho. Com o uso crescente de pequenos ímãs em brinquedos e utensílios domésticos, a ingestão de ímãs tornou-se um sério risco para crianças.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva pediátrica

Autores

Yuri Guimarães Tavares, Tiago da Silva Alvarenga Guimarães, Ana Carolina de Campos, Arthur De Campos Leite Ascava, Rodrigo Strehl Machado, Marileni Kogempa