XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumor de células granulares em reto distal: Descrição de um tumor incomum

Resumo

Apresentação do caso:
Paciente do sexo feminino, 31 anos, queixava-se de desconforto e distensão abdominal há 1 ano, que melhoravam com evacuação e pioravam com ingestão de leguminosas e pães. Hábito intestinal alternante (1 evacuação/dia e diarreia autolimitada eventual, com muco e um único episódio de hematoquezia). Negava perda de peso e hiporexia. Exame físico sem alterações. Exames realizados: Hemoglobina 13 g/dL; parasitológico de fezes negativo; anticorpos anti endomísio e anti transglutaminase negativos; endoscopia digestiva alta normal (inclusive 2a porção duodenal); colonoscopia revelou íleo terminal e mucosa colônica de aspecto habitual e 2 pólipos sésseis retais, 3 e 6 mm, próximos à linha pectínea, de coloração rósea. Realizada polipectomia endoscópica; anatomopatológico revelou mucosa colônica com mucosa preservada e estroma com proliferação fusocelular, sem displasia. Imunohistoquímica evidenciou S100 e CD68 positivos; desmina, CD117, CD31 e CD34 negativos, compatível com tumor de células granulares (TCG). Frente à hipótese de Síndrome do Intestino Irritável, iniciados antiespasmódico e dieta pobre em FODMAPS, com melhora dos sintomas. Programada vigilância colonoscópica para 6 meses.
Discussão:
Os TCG são neoplasias raras com provável origem em células mesenquimais primitivas perineurais (células de Schwann). Acometem preferencialmente língua e tecido subcutâneo. Sua ocorrência no trato gastrointestinal (GI) é rara (10%), onde são achados principalmente no esôfago (63%) e são raros no cólon e reto. Classicamente afetam mulheres entre a 4ª e 6ª décadas de vida. No trato GI, comumente é um achado incidental em exame endoscópico e apresenta-se como lesão polipoide ou subepitelial pequena, menor de 2 cm, que não costuma apresentar qualquer particularidade que a diferencie de outras etiologias de lesões GI. A opção terapêutica indicada é a ressecção endoscópica ou cirúrgica, dependendo do tamanho e localização do tumor. A grande maioria é indolente; malignidade ocorre em 2% dos casos e deve ser suspeitada em tumores maiores de 4 cm, com crescimento rápido ou características anatomopatológicas suspeitas.
Conclusão:
Frente a elevada prevalência de queixas digestivas e doenças funcionais, com crescente indicação de exames endoscópicos, é importante o conhecimento dessa neoplasia pouco frequente e assintomática para que possa ser incluída no diagnóstico diferencial de achados incidentais endoscópicos de lesões polipóides e subepiteliais GI.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

Enzo Olivotti Algarve, Rafaela Cristina Goebel Winter Gasparoto