XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEPATITE AGUDA COLESTÁTICA POR MONONUCLEOSE: Um relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso
Paciente feminino, 20 anos, busca atendimento por dor em abdome superior com irradiação lombar bilateral há 6 dias com piora progressiva, associada à pirose e regurgitação, febre 38ºC. Presença de dor à palpação de região cervical, com linfonodos em cadeia cervical anterior, móveis, 1 cm. Relata há 10 dias quadro de odinofagia e placas exsudativas em orofaringe, sem melhora ao tratamento com amoxicilina. Exames laboratoriais: Hb 12,3 Ht 39,3 Leuco 11590 (Linfócitos 67% 6.318) Plaq 269000 TGO 486 TGP 646 BT 2,2 (BD 1,8 BI 0,4) Cr 0,7 Ur 26 FA 345 GGT 663 Na 133 K 4,3 PCR 1,5 Sorologias para HIV, Hep A, Hep B e Hep C NR BHCG negativo Epstein Barr IgG+ (9,4) e IgM+ (23,42). Ultrassonografia evidenciou esplenomegalia homogênea. Recebeu alta com conduta conservadora sintomática e controle laboratorial, no qual a paciente evoluiu bem, após 40 dias redução de transaminases: TGO 53 TGP 74.

Discussão
A mononucleose infecciosa é uma doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) que pode complicar em hepatite aguda. A sintomatologia clássica é composta por faringite, linfonodomegalia cervical e febre, sendo precedida por pródromos de fadiga, calafrios e mal-estar. Achados de esplenomegalia e presença de linfócitos atípicos também são frequentes. O acometimento hepático é usualmente comum, de baixa intensidade e com recuperação espontânea, apresentando níveis de aminotransferases com elevação média de 3 a 5x o limite superior de normalidade. A presença de colestase associada a hepatite por mononucleose é incomum embora não se saiba os mecanismos envolvidos. Elevações de bilirrubina direta (BD), fosfatase alcalina (FA) e gama-GT (GGT) são geralmente autolimitadas com regressão dos índices em até 3 semanas, embora a redução do GGT ocorra mais tardiamente. Nos casos de hepatite colestática os valores das aminotransferases são muito superiores aos casos de hepatite não colestática, apresentando valores até 7x superiores ao limite de normalidade.

Comentários Finais
A infecção pelo vírus EBV faz-se necessária no diagnóstico diferencial de hepatite colestática. O diagnóstico é realizado baseado na associação entre dados clínicos e testes sorológicos que sugerem infecção pelo vírus. O tratamento é suportivo ao paciente e o seguimento deve ser realizado ambulatorialmente.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Thiago Faraco Nienkotter, Edmundo Damiani Bertoli, Monica Monte Pain, Wanda Coelho Demetrio, Cintia Zimmermann de Meireles