XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

APENDICITE ASSOCIADA A INFECÇÃO POR Paracoccidiodis brasiliensis: UM RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
G.J.M, homem, 33 anos, hígido, admitido no Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) em março/2022 com dor periumbilical há 5 dias e migração para andar inferior do abdome, associada a náusea, hiporexia e perda não intencional de 4kg em 3 meses. Ao ultrassom (US) de abdome, apêndice com 9.8mm, não compressível, aumento da ecogenicidade da gordura adjacente, pouca quantidade de líquido na pelve e uma coleção de 38mL com debris. Submetido à laparotomia exploradora com pouca quantidade de líquido turvo em pelve, apêndice aumentado, friável, isquêmico, aderências de omento, coleção bloqueada em terço distal com base cecal íntegra e linfonodos fibroelasticos no mesocólon. Sem lesões macroscópicas em trato gastrointestinal, fígado ou peritônio. Realizada apendicectomia e mantida antibioticoterapia com alta hospitalar em 48 horas. No 9º DPO, retornou com abdome agudo obstrutivo e tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve com distensão intestinal e nível líquido, pequena quantidade de líquido na pelve e ponto sugestivo de stop em íleo terminal. Submetido a nova laparotomia que mostrou aderências interalças com hérnia interna de íleo terminal a 15cm da válvula ileocecal e comprometimento vascular. Optado pela enterectomia e anastomose latero-lateral à Barcelona. Evolução favorável e alta hospitalar no 3º DPO. O diagnóstico anatomopatológico foi de apendicite crônica granulomatosa supurativa associada a infecção por Paracoccioidides brasiliensis. Segue em tratamento antifúngico por 365 dias, sem intercorrências cirúrgicas.
DISCUSSÃO
A apendicite ocorre principalmente pela obstrução da luz por apendicólitos, cálculos, processos infecciosos, tumores, e por hiperplasia linfoide. Quando a obstrução apendicular ocorre, a secreção mucosa continuada leva a um crescente aumento da pressão intraluminal, o que causa colapso da drenagem venosa. A lesão isquêmica, então, favorece a proliferação bacteriana. A paracococcidiodomicose é uma doença sistêmica, endêmica em países da América Latina, causada pelo fungo termodimórfico P. brasiliensis. Embora todos os segmentos do trato digestivo, da boca ao ânus, possam ser afetados pelo P. brasiliensis, as lesões são mais comuns nos locais mais ricos em tecido linfoide, como o íleo terminal, o apêndice e o hemicólon direito.
COMENTÁRIOS FINAIS
A apendicite com esta etiologia fúngica é rara e neste caso o acometimento linfoide do órgão pelo fungo causou a obstrução da luz.

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

LUIS FELIPE NAVES DE CASTRO SALES, FILIPE DE PAULA MARTINS, ALICE LANNA DAMASIO CASTRO, VITORIA MIKAELLY DA SILVA GOMES, PAULA BARROS DE ASSUNÇÃO, GABRIEL BARBOSA DE CARVALHO MATOS