XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

CISTO DE INCLUSÃO PERITONEAL: uma patologia rara com importante diagnóstico diferencial e difícil manejo terapêutico

Resumo

APRESENTAÇAO DO CASO: A.G.A., feminino, 43 anos, hipertensa, obesa, com antecedente de múltiplos procedimentos cirúrgicos abdominais e de correções de hérnias incisionais com descrição de achado no intraoperatório de ascite loculada de aspecto citrino com citologia negativa. Quatro meses após o último procedimento referiu aumento progressivo do volume abdominal com persistência da dor abdominal. Negava outros sintomas. Ao exame físico: Abdome globoso com múltiplas cicatrizes, ausência de abaulamentos. Realizada tomografia que evidenciou volumosa formação cística na cavidade abdominal e pélvica, bem delimitada, paredes finas, sem áreas sólidas ou características neoplásicas, medindo 26,7x26,7x13,2 cm, sugestivo de cisto de inclusão peritoneal (CIP). Indicado laparotomia exploradora e no intraoperatório foi realizada ressecção macroscópica completa do cisto. O anatomopatológico confirmou CIP. Um ano após, a paciente evoluiu com recidiva dos sintomas e do cisto, nesse momento medindo 22,6 x 18,0 x 8,6 cm. Indicado reoperação sendo desta vez optado pelo destelhamento do cisto, uma vez que não havia plano de clivagem com órgãos pélvicos. Anatomopatológico e imuno-histoquímica (IHQ) mostraram: cisto mesotelial com paredes espessas, sem sinais de malignidade, infiltrado mononuclear, citoqueratina e calretinina positivos, CD34 negativo, receptor estrogênio positivo, compatível com CIP. Paciente em seguimento pós-operatório há 6 meses, sem sinais de recidiva e com bom controle da dor pélvica.
DISCUSSÃO:O cisto de inclusão peritoneal é definido como um cisto peritoneal revestido por mesotélio benigno. Não há etiologia definida, mais frequentemente acomete mulheres férteis, entre a 2ª e 3ª década, com cirurgias prévias. Tem por característica ser multicístico, não invasivo, progressivo e recidivante. O principal diagnóstico é realizado através do anatomopatológico e da IHQ, o principal diferencial é o mesotelioma maligno. Não existe consenso a cerca do tratamento, o principal objetivo é o controle dos sintomas, são possibilidades: expectante, cirúrgico, terapia hormonal e punções associado ou não a escleroterapia. A cura só é atingida pela ressecção completa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esta rara patologia assume importância uma vez que por ser benigna o tratamento cirúrgico mais agressivo pode acrescentar maior morbidade, não livre de recidiva, quando comparado a condutas mais conservadoras como o destelhamento do cisto.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Italo Beltrão Pereira Simões, Amanda Juliani Arneiro, Vitória Ramos Jayme, Fabio Lopasso, Osmar Kenji Yagi, Donato Roberto Mucerino, Ulysses Ribeiro Junior, Bruno Zilberstein, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque