XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

PILOROMIOTOMIA ENDOSCÓPICA EM PACIENTE COM GASTROPARESIA PÓS-ESOFAGECTOMIA SUBTOTAL

Resumo

RELATO DO CASO
Paciente R.B.S.M,, sexo feminino, 61 anos, hipertensa e ex-tabagista, foi submetida em maio de 2021, à esofagectomia subtotal e reconstrução com tubo gástrico por carcinoma espinocelular de esôfago torácico médio. Dois meses depois, a paciente retornou com queixas de vômitos e perda ponderal de 6kg. O raio-x contrastado demonstrou anastomose pérvia, drenagem parcial do contraste para o duodeno e estase gástrica. A endoscopia digestiva alta (EDA) confirmou esses achados e, em setembro de 2021, foi realizada dilatação pilórica com balão hidrostático de 20mm. Nos meses seguintes, a paciente seguiu com tratamento clínico com melhora parcial dos sintomas, mas em janeiro de 2022, retornou com piora dos sintomas associada ao emagrecimento. Em março do mesmo ano, foi proposta a miotomia endoscópica peroral gástrica (G-POEM).
Procedimento feito sob anestesia geral. Foi realizada injeção de hidroxietilamido com índigo-carmim na grande curvatura do antro, cerca de 5 cm proximal ao piloro, seguida de incisão na mucosa suficiente para introdução do gastroscópio. A partir desta abertura, foi realizada tunelização pela submucosa com faca híbrida até encontrar a musculatura pilórica. A piloromiotomia foi iniciada com a faca híbrida e complementada com faca com isolamento distal, evitando lesões duodenais. Ao final do procedimento, foi realizada colocação de clipes para fechamento da mucosa. A paciente recebeu alta três dias depois, com boa aceitação de dieta pastosa. Após um mês, retornou sem queixas e com boa aceitação alimentar. Na EDA de controle, não foi evidenciada estase gástrica e o leito de dissecção estava bem cicatrizado.
DISCUSSÃO
A gastroparesia (GP) pós-esofagectomia acontece em 15 a 39% dos casos, causando sintomas como saciedade precoce, disfagia, vômitos e risco de broncopneumonia aspirativa . A piloromiotomia tem sido abandonada como rotina durante essas cirurgias por não apresentar diferenças significativas em relação ao risco de fístulas e broncopneumonias e pode piorar o refluxo biliar, favorecendo o desenvolvimento de Barrett no esôfago remanescente. Procedimentos como dilatação, toxina botulínica e prótese transpilórica têm sido descritas para tratamento da GP, mas com índices elevados de recorrência.
CONCLUSÃO
A G-POEM representa uma alternativa pouco invasiva no tratamento da GP pós-esofagectomia, com sucesso clínico satisfatório e baixas taxas de complicação.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

RAFAEL UTIMURA SUETA, BRUNO COSTA MARTINS, DEBORAH MARQUES CENTENO, JULIA MAYUMI GREGORIO, PASTOR JOAQUIN ORTIZ MENDIETA, CATERINA MARIA PIA SIMIONI PENNACCHI, CARLA CRISTINA GUSMON DE OLIVEIRA, ELISA RYOKA BABA, FÁBIO SHIGUEHISSA KAWAGUTI, GUSTAVO ANDRADE DE PAULO, LUCIANO LENZ, MARCELO SIMAS DE LIMA, RICARDO SATO UEMURA, RENATA NOBRE MOURA, SEBASTIAN NASCHOLD GEIGER, ADRIANA VAZ SAFATLE RIBEIRO, FAUZE MALUF FILHO