XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

PSEUDOCISTO PANCREÁTICO EM APRESENTAÇÃO ATÍPICA: RELATO DE CASO DE FÍSTULA PANCREATOPLEURAL

Resumo

Apresentação do caso: Paciente de 66 anos, sexo masculino, iniciou em dezembro de 2021 quadro de desconforto epigástrico associado a plenitude pós-prandial. Em janeiro de 2022, evoluiu com dispneia aos esforços. Propedêutica inicial evidenciou derrame pleural em hemitórax esquerdo. Realizada toracocentese, seguida de pleuroscopia com biópsia. Afastadas etiologias infecciosas e neoplásicas. Devido à recorrência do derrame pleural, foi submetido à pleurodese à esquerda.
Nos 6 meses seguintes, evoluiu com perda ponderal significativa e disfagia esofagiana progressiva. Em investigação da síndrome consumptiva, evidenciado formação cística originada na cauda do pâncreas, com comunicação com o mediastino através do hiato diafragmático, proporcionando compressão esofágica. Foi relatado forte semelhança entre os aspectos tomográficos dos líquidos cístico e da cavidade pleural. Realizada ecoendoscopia com confirmação do aspecto cístico da formação pancreática. Ausência de sinais de pancreatite crônica. Nova toracocentese revelou nível de amilase: 33.836 e antígeno carcinoembriogênico: 9,6.
Discutido com equipe multidisciplinar e optado por confecção de cistogastroanastomose através de laparotomia. Procedimento sem intercorrências. Houve melhora das queixas disfágicas e do desconforto abdominal.
Discussão: A fístula pancreatopleural é uma complicação rara da pancreatite e ocorre em menos de 5% dos pacientes com pseudocistos. Os sintomas mais comuns são dispnéia e dor torácica. O líquido pleural tem coloração acastanhada. O diagnóstico se baseia nas características da efusão, um exsudato, com níveis de amilase geralmente superiores a 4.000UI/L, associado a imagens de um pseudocisto comunicando-se com o espaço pleural.
Inicialmente, essas fístulas podem ser manejadas de forma conservadora, através da redução da estimulação pancreática com a administração de octreotide. Frequentemente, a abordagem não invasiva é não satisfatória, sendo necessário a abordagem endoscópica por meio da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, com colocação de stent no pondo de ruptura do canal pancreático, ou pela drenagem endoscópica para a cavidade gástrica. A abordagem cirúrgica é utilizada quando houver falha no manejo endoscópico ou quando o mesmo é tecnicamente inviável.
Comentários finais: O diagnóstico e manejo de pseudocistos em apresentações atípicas é desafiador. A discussão sobre casos como este contribui para a construção do conhecimento.

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

Mônica Fernandes Nogueira, Isabela Macedo Freitas, Filipe Matheus Costa Teixeira, Rhaissa Carvalho Said Stancioli, Guilherme Santiago Mendes, Claudio Araujo Lima Ferreira, Sandro Rodrigues Chaves