XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

O uso do terceiro espaço nas lesões de quarta camada: Ressecção de GIST gástrico pela técnica STER (submucosal tunnelling endoscopic ressection)

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO:
Trazemos o caso de uma paciente de 47 anos, sexo feminino, diagnosticada em endoscopia digestiva alta de rotina com uma lesão subepitelial em pequena curvatura do corpo gástrico medindo aproximadamente 25mm. Ecoendoscopia identifica a sua origem na quarta camada e a punção ecoguiada, confirmou o diagnóstico de GIST. Após discussão conjunta com a paciente e o médico assistente, foi optado pela ressecção endoscópica da lesão pela técnica “submucosal tunneling endoscopic resection” (STER).

DISCUSSÃO:
Os tumores estromais gastrointestinais (GISTS) são os tumores mesenquimais mais comuns do trato gastrointestinal, sendo o estômago o sítio mais comum. Com a maior facilidade do acesso à endoscopia digestiva alta e à ecoendoscopia (ECO), estas lesões são frequentemente encontradas em estágio inicial. No geral, a vigilância periódica é recomendada para GISTs gástricos assintomáticos pequenos (< 2 cm). No entanto, por envolver questões relacionadas à adesão e estresse do paciente, custo-benefício e risco associado a procedimentos endoscópicos repetidos e diagnóstico tardio de malignidade, alguns autores recomendam a ressecção para lesões >15mm.
As ressecções endoscópicas têm ganhado cada vez mais espaço por permitirem uma abordagem ainda menos invasiva. Dentre as opções, a técnica STER apresenta excelente taxa de ressecção em bloco e de segurança para o paciente. Com a criação de um túnel submucoso, preserva-se a integridade da mucosa e submucosa, permitindo a ressecção da muscular própria sem comunicar diretamente a luz gastrointestinal com a cavidade peritoneal.
Literatura crescente demonstra a segurança e eficácia do uso da técnica para ressecções de GISTs gástricos. Em estudo retrospectivo com 180 pacientes submetidos à STER, não foi observado nenhum caso de recidiva local ou metástase durante um seguimento de 36 meses, com uma taxa de ressecção de 100%. Outra série com 137 pacientes, comparou com a técnica laparoscópica, demonstrando um menor tempo de hospitalização, menor tempo cirúrgico e custo reduzido para STER. Nenhum paciente apresentou metástase após um seguimento de 22 meses.
Para lesões de até 4,0cm, a ressecção endoscópica é uma abordagem segura, viável e efetiva no tratamento endoscópico dos GISTS.

COMENTÁRIOS FINAIS:
Os procedimentos de ressecção endoscópica evoluem cada vez mais, tendo a STER apresentado excelentes resultados na literatura, demonstrando ser eficaz e segura para o tratamento de GISTs gástricos.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Lucas Casé Ferraz, Daniel Oliveira Araújo, Fernanda Braga Torres, Luiza Campos Corrêa de Araújo, João Paulo de Souza Pontual