XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Avaliação das alterações endoscópicas e histológicas de pacientes que se infectaram por Covid-19

Introdução

O surgimento e disseminação do COVID-19 (SARS-CoV-2) desde dezembro de 2019, trouxe grandes desafios a saúde pública global. Pacientes infectados com o COVID-19 também podem apresentar sintomas gastrointestinais. As sequelas gastrointestinais incluindo perda de apetite, náusea, refluxo ácido e diarreia são comuns em pacientes mesmo após 3 meses da infecção. O exame endoscópico mostra-se anormal em uma alta proporção de casos com uma grande heterogeneidade nos achados. OBJETIVO: Avaliar as alterações endoscópicas e histológicas de pacientes que se infectaram por COVID-19. MÉTODO: Estudo observacional, transversal e retrospectivo realizado através da análise de prontuários de pacientes atendidos em uma Cínica/Hospital Dia referência da cidade de São José do Rio Preto. Os critérios de elegibilidade incluíam pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, após infecção pela COVID-19. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, peso, altura, IMC, motivo do exame, presença de comorbidades, tempo de Covid-19 até a realização do exame, internação hospitalar por Covid-19, alterações endoscópicas e alterações histológicas. Os dados foram coletados com base nos laudos dos prontuários eletrônicos e analisados estatisticamente. RESULTADOS: Foram avaliados 102 pacientes com idade entre 18 e 76 anos, sendo 73 (71,6%) do sexo feminino e 29 (28,4%) do sexo masculino. O tempo médio da infecção pelo Covid-19 até a realização da endoscopia foi de 24 semanas, sendo que apenas 2 pacientes (1.9%) necessitaram de internação. Antes da execução do exame de endoscopia 55,8 % dos pacientes eram sintomáticos, dos quais 25,5% apresentavam dor abdominal e 17,6% apresentavam epigastralgia ou refluxo gastroesofágico. A alteração endoscópica esofágica mais frequente foi a esofagite erosiva com 26,5%, sendo 10,8% grau A de Los Angeles, 11,8% grau B de Los Angeles e 3,9% grau C de Los Angeles. Das alterações gástricas foi encontrado gastrite enantemática em 82,3% dos pacientes e gastrite erosiva em 31,3%. No bulbo e duodeno foi evidenciado enantema em 13,7% dos pacientes. Na histologia foi evidenciado esofagite crônica em 37,5% das amostras e gastropatia reativa em 66,7%. No duodeno houve presença de duodenite crônica em 41% das biópsias. CONCLUSÃO: No presente estudo podemos concluir que uma porcentagem significativa de pacientes apresentou alterações endoscópicas e histológicas causadas pelo SARS-CoV-2 mesmo após alguns meses da infecção.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

VINÍCIUS BORGES LATERZA, FERNANDA OLIVEIRA AZOR, NATHALIA OLIVEIRA GUARNETTI DOS SANTOS, ROBERTO LUIZ KAISER JUNIOR, LUIZ GUSTAVO DE QUADROS