Dados do Trabalho
Título
COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE COM COLELITÍASE DE NOVO
Resumo
O presente estudo visa relatar caso atípico de paciente com colecistectomia prévia que apresentou recidiva de colelitíase e foi submetido a novo procedimento cirúrgico. Trata-se de paciente de 37 anos que há 6 anos apresentou quadro de colecistite, com ultrassonografia demonstrando ausência de cálculos mas espessamento difuso das paredes da vesícula biliar. Optou-se então pelo tratamento cirúrgico com colecistectomia por via aberta mediante incisão de Kocher, na qual se identificou intensa inflamação e friabilidade dos tecidos adjacentes a vesícula biliar e ao leito hepático, o que levou à decisão de se realizar uma colecistectomia parcial à Torek. Um ano após o procedimento, o paciente apresentou quadro de icterícia e uma ressonância magnética nuclear demonstrou dilatação das vias biliares com colédoco 1,6cm e coleção hipoecogênica no leito da vesícula biliar medindo 4,3x2,9x2,4cm, além de cálculo de 1,0cm no colédoco distal. Foi indicada colangiografia retrógrada endoscópica – CPRE – a qual obteve sucesso no clareamento da via biliar mediante papilotomia e retirada do cálculo com basket, sem intercorrências. Cinco anos após esta CPRE, reiniciou com dor no hipocôndrio direito associada a náuseas e febre. Ultrassonografia identificou cálculos de até 1,1cm no leito da vesícula biliar, em área correspondente à coleção previamente identificada anos antes. Ressonância magnética nuclear confirmou a presença de neovesícula, formada pelo infundíbulo remanescente da vesícula biliar, medindo 3,9cm, com cálculos de até 0,9cm, sem alterações no restante da árvore biliar. Foi então indicada nova colecistectomia, agora videolaparoscópica, na qual, após laboriosa lise de aderências, foi identificada a neovesícula, o ducto e artéria cística, os quais foram ligados, garantindo a colecistectomia segura com resolução do quadro do paciente. Oito meses após o procedimento, o paciente segue assintomático, em acompanhamento ambulatorial. A recidiva da colelitíase após colecistectomia é fato raro e o tratamento de escolha é a colecistectomia de novo, a qual pode ser desafiadora. Uma revisão da literatura encontrou menos de 200 casos reportados e este é um diagnóstico que deve ser lembrado em pacientes pós-colecistectomia com sintomas típicos de cólica biliar, o que ressalta a importância de relatar casos como o presente.
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Felipe Antônio Cacciatori, Ana Carolina Andrade Nuernberg, Artur Pizzolatti Zapelini, Jean Ricardo Silvestre, Vinícius Bressiani, Fabrício Souza Bitencourt, Nehad Yussuf Nimer, João de Bona Castelan Filho