XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Diarreia aguda por fístula colovesical após trauma toracoabdominal: relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: mulher, 67 anos, vítima de atropelamento por moto, com lesão toracoabdominal associada a fraturas de membros inferiores. Submetida à drenagem pleural fechada, tratamento conservador de lesão hepática e fixação das fraturas. Após alta hospitalar, passou a apresentar dificuldade para urinar e constipação. Realizada sondagem vesical de demora e tomografia do abdome, sem achados. Após 15 dias da alta, mantinha o quadro urinário, associado à diarreia líquida e volumosa, dor abdominal e fecalúria. Nova avaliação radiológica interrogou uma fístula colovesical com provável coleção intra-abdominal. Foi submetida a laparotomia exploradora, com achado de intenso processo inflamatório na pelve, bloqueado por sigmoide, onde constatou-se uma fístula colovesical. Realizada retossigmoidectomia a Hartmann. Devido intensa friabilidade com destruição quase completa da bexiga, optou-se pela cistectomia total, com implantação de ureteres na colostomia terminal. O pós-operatório seguiu sem intercorrências e a paciente encontra-se em adaptação com a equipe de estomaterapia da instituição. Discussão do Caso: a fístula colovesical (FCV) é a comunicação entre bexiga e cólon. Dentre as principais causas estão: doença diverticular, doenças inflamatórias intestinais e neoplasia. Apresenta-se mais comumente em homens, uma vez que a presença do útero nas mulheres funciona como uma barreira de proteção. Cerca de 50% das mulheres diagnosticadas com FCV possuem histórico de histerectomia, como no caso apresentado. O diagnóstico de FCV se faz através do quadro clínico (pneumatúria e fecalúria) e exames, como cistoscopia, enema opaco e tomografia computadorizada. O tratamento pode ser clínico e cirúrgico. No caso apresentado, observou-se uma FCV causada por lesão vesical traumática, que ocorre em cerca de 1,5% dos traumas abdominais fechados. O provável bloqueio da lesão vesical pelo sigmoide associado a intenso processo inflamatório pode explicar o achado. Nos casos cirúrgicos, a preservação dos órgão é desejada, entretanto procedimentos mais radicais como a ressecção do cólon e da bexiga podem ser necessários. Considerações finais: a hipótese diagnóstica de FCV é desafiadora e deve ser incluída na investigação dos traumas abdominais fechados. Mais comumente, as complicações crônicas manifestam-se através de alterações urinárias, entretanto, em casos raros, alterações do hábito intestinal podem indicar a complicação e devem ser prontamente investigadas.

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

Beatriz Dias Rosa, Lucas de Oliveira Almeida, Camila Lima Alves, Jakeline Flávia Sertório Santos, Rogério Serafim Parra, Marley Ribeiro Feitosa, José Joaquim Ribeiro da Rocha, Omar Féres