XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Variáveis clínicas e cirúrgicas envolvidas no desenvolvimento de tumores desmóides em pacientes com Polipose Adenomatosa Familiar (PAF)

Resumo

Introdução: PAF é uma doença hereditária complexa associada com aumento do risco de carcinoma colorretal. Após a realização de cirurgia profilática, tumores desmóides intra-abdominais (IADT) são uma importante causa de óbito, estando presentes em aproximadamente 15% dos pacientes. Assim, reconhecer aqueles com esse risco a fim de mudar a estratégia operatória pode ser crucial (1,4). Apesar de que em aproximadamente 3-4% esse tumores já são encontrados durante a cirurgia (5, 6, 7), em 70 a 83% dos casos eles são desenvolvidos em média em 2 a 3 anos após a cirurgia. Nesses casos, eles vêm sendo associados ao trauma cirúrgico e ao reparo tecidual mediado por fibroblastos (4, 8, 9).

Objetivos: Analisar a relação entre características clínicas e cirúrgicas e o desenvolvimento de tumores desmoides em pacientes com PAF. Essa informação pode ser muito útil na decisão terapêutica desses pacientes.

Métodos: Foram identificados pacientes operados por PAF desde 1958 no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Aqueles que desenvolveram IADT foram selecionados para avaliação de critérios clínicos e cirúrgicos que poderiam se correlacionar com o desenvolvimento da patologia.

Resultados: 146 pacientes foram analisados. 16 (11%) desenvolveram IADT. A média de idade da realização da colectomia foi de 28,6 anos (17 - 50) e do diagnóstico de IADT foi de 31,9 anos (19-55), com maior incidência entre as mulheres de 7:1 (p = 0,018). História familiar de tumores desmóides (31%), múltiplas abordagens cirúrgicas abdominais prévias (56%) e reoperações após a colectomia (31%) são características comuns entre os pacientes estudados. O risco de desenvolvimento de IADT foi então associado com o sexo feminino (17% vs 3,1% p = 0,07), com a realização de colectomia em mulheres antes dos 30 anos (21,9% vx 12,2%, p = 0,023) e com reoperações após a colectomia index (33% vs 8,4%, p = 0,01). Por outro lado, histórico familiar de tumores desmoides e tipo de cirúrgia não tiveram impacto no risco de desenvolvimento de IADT. O intervalo médio de aparecimento de IADT após a cirurgia foi de 30,7 meses.

Conclusões
Os resultados sugerem que a habilidade de prevenir IADT é limitada. Características clínicas (sexo feminino) e cirúrgicas (reoperações prévias e o timing da cirurgia) estão associadas com maior chance de desenvolvimento desses tumores. Essas informações podem ser úteis durante o processo de tomada de decisão terapêutica.

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

Fabio Guilherme Campos, Caroline de Freitas Cirenza, Leonardo Bustamante Lopez, Carlos Augusto Real Martinez, Arthur Youssif Mota Arabi, Carlos Frederico Sparapan Marques