Dados do Trabalho
Título
Hepatopancreatoduodenectomia para Tratamento de Neoplasia Intraductal Biliar
Resumo
Apresentação do Caso:
Paciente do sexo feminino de 29 anos foi admitida ambulatorialmente devido episódios autolimitados de icterícia colestática transitória. Fez ressonância magnética, que constatou nódulo sólido-cístico no lobo esquerdo do fígado, medindo 3,5 x 2,5 cm, que apresentava projeção papilar que se estendia até colédoco distal. Punção ecoguiada da lesão identificou neoplasia epitelial bem diferenciada. O marcador tumoral CA 19.9 estava aumentado (103, VR 37,0) e o estadiamento sistêmico não evidenciou lesões secundárias. Considerando paciente jovem, com excelente performance e lesão extensa da via biliar, foi proposta hepatopancreatoduodenectomia. No intraoperatório não houve intercorrências (tempo cirúrgico 570 minutos, sangramento estimado 200 mL, sem hemotransfusão), porém o fígado se apresentava com consistência endurecida, inferindo algum grau de hepatopatia induzida pela colestase. A paciente apresentou complicações Clavien-Dindo 4a (ascite e disfunção renal, que não necessitou de diálise) e fístula pancreática grau B (com necessidade de drenagem percutânea). Recebeu alta hospitalar no 25o dia de pós operatório. Anatomopatológico confirmou se tratar de neoplasia cística mucinosa com displasia de baixo grau medindo 12,7 x 5,5 cm, parênquima hepático com cirrose de padrão biliar. Atualmente, 14 meses após a cirurgia, encontra-se em seguimento ambulatorial, assintomática, com função hepática preservada e sem sinais de recorrência da doença.
Discussão: A associação de ressecção hepática maior com a duodenopancreatectomia representa procedimento operatório de alta complexidade e morbidade, com mortalidade perioperatória relatada entre 25 e 35%. Os principais fatores relacionados à mortalidade são a insuficiência hepática (relacionada à extensão da hepatectomia) e as fístulas anastomóticas (sobretudo pancreática).
Comentários Finais: Este procedimento cirúrgico é descrito na literatura como uma das cirurgias abdominais mais complexas, com elevada morbimortalidade. Sua indicação deve ser vista num contexto de exceção e a cirurgia realizada em grandes centros, com equipe experiente em cirurgia hepatobiliar e habilitada a manejar o perioperatório.
Área
Cirurgia - Fígado
Autores
Carlos Almeida Obregon, Jaime Arthur Pirola Kruger, Amanda Juliani Arneiro, Vágner Birk Jeismann, Fábio Ferrari Makdissi, Fabrício Ferreira Coelho, Paulo Herman