XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

VOLVO DE VESÍCULA BILIAR COM NECROSE: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do Caso: Paciente, 83 anos, sexo feminino, deu entrada em pronto atendimento com dor aguda em hipocôndrio direito há 4 horas, sem melhora com analgésicos, evoluindo com vômitos e distensão abdominal. Ao exame físico: PA 100 x 60 mmHg; FC 100 bpm; FR 22 irpm; afebril; abdome tenso e doloroso em hipocôndrio direito, com sinal de Murphy positivo. Exames laboratoriais: Leucócitos 20.300 mm³; PCR 133; Ureia 58; Creatinina 1,6; AST 64; ALT 102; GGT 189; FA 103; BT 1,3 (BD 0,9 e BI 0,4); Lactato 2,3. Na USG de abdome total, Vesícula Biliar (VB) distendida com edema de parede e sem cálculos, ausência de dilatação de vias biliares, e distensão gasosa de alças intestinais. Realizada TC de abdome que revelou VB distendida e com paredes edemaciadas. Sendo assim, realizada hidratação, analgesia e iniciado Ceftriaxona e Metronidazol. Pensando-se na hipótese de colecistite aguda alitiásica foi indicado videocolecistectomia, a qual ocorreu sem intercorrências e evidenciou Volvo de Vesícula Biliar (VVB) com necrose. A paciente evoluiu com choque séptico refratário apesar de suporte ventilatório e hemodinâmico, realizado escalonamento de antibiótico para Meropeném e a paciente faleceu no 4º dia de pós-operatório. Discussão: O VVB é uma doença relativamente rara, ocorre quando a VB gira em seu próprio eixo, ao longo do ducto cístico. Geralmente ocorre entre os 60 e 80 anos e com predominância no sexo feminino, apresentando como principais sintomas, dor abdominal, náusea, icterícia e febre, semelhante ao quadro de colecistite aguda. Pode ser classificado de acordo com o tipo de rotação, se incompleta (menor que 180°) ou completa (maior que 180°), e se o giro ocorreu no sentido horário ou anti-horário. Visto que a rotação pode envolver a Artéria Cística, o suprimento sanguíneo pode ser comprometido, o que pode resultar em isquemia e, eventualmente, necrose. Com relação a etiologia do VVB, permanece desconhecida, entretanto, alguns mecanismos e fatores de risco têm sido postulados, dentre eles fatores fisiológicos, hormonais, mecânicos e principalmente fatores anatômicos. Comentários Finais: Dessa forma, como o VVB é uma condição abdominal que está associada a maus resultados, podendo levar a óbito, o diagnóstico precoce e a intervenção cirúrgica imediata são fundamentais para reduzir a morbimortalidade. Sendo assim, é mister que em casos de suspeita de colecistite aguda duvidosa ou com clínicas semelhantes, seja considerada a possibilidade de ser um VVB.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Fernando de Paiva Melo Neto, Marinna Karla da Cunha Lima Viana, Gabriela Debs Diniz, Jennyfer Kellen Lázaro da Rocha, Gabriel Martin Lauar, João Ricardo Filgueiras Tognini