XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumores benignos do esôfago: pólipo fibrovascular do esôfago

Resumo

Apresentação do Caso

E.L.S, 45 anos, homem, com disfagia para sólidos e líquidos, odinofagia, perda ponderal, regurgitação e dor torácica. Relata que houve um episódio de tosse em que uma estrutura pediculada se projetou para fora da boca, mas retornou após engoli-la.
Feitos exames complementares; na endoscopia digestiva alta, a 15 cm da arcada dentária superior (ADS), lesão pediculada ocupando 70% da luz do órgão e se estende até 38 cm da ADS, macia, recoberta por mucosa regular. À tomografia computadorizada de tórax, esôfago de calibre aumentado, preenchido por lesão sólida vegetante com realce heterogêneo e periférico por meio de contraste e áreas centrais hipodensas, sem infiltração de estruturas adjacentes, que acomete desde o terço proximal do esôfago até a transição esofagogástrica, medindo cerca de 20,2 x 5,2 x 3,7 cm.
Feita hipótese diagnóstica de pólipo fibrovascular do esôfago. Realizada esofagotomia cervical esquerda, ao longo do esternocleidomastoideo. Realizado pinçamento do pedículo da lesão, e cautelosamente retirado pólipo de 21 cm do da luz esofágica. Feita a ressecção da lesão a nível do pedículo, com ligadura do mesmo.

Discussão
Os tumores esofágicos benignos são entidades raras, correspondendo a 25% das neoplasias esofágicas. Os pólipos fibrovasculares do esôfago são lesões intraluminais únicas, de crescimento lento, que surgem da mucosa ou submucosa esofágica e são recobertos por epitélio escamoso. Predominam no sexo masculino, com pico de incidência a partir dos 60 anos. A maioria dessas lesões surgem no terço superior do esôfago, em áreas de fragilidade da transição faringoesofágica.
O quadro clínico cursa com disfagia, perda ponderal, regurgitação, tosse, dispneia, rouquidão e odinofagia. Degeneração maligna não é esperada. O diagnóstico é facilitado por exames complementares. Destacam-se a endoscopia digestiva alta, o esofagograma e a tomografia computadorizada. Ao esofagograma, lesão de limites precisos, aspecto de “salsicha”, móvel à deglutição. À endoscopia, lesão pediculada, porém, pode passar despercebida, por ser recoberta por epitélio escamoso e ser confundida como parede esofágica. O tratamento consiste na exérese da lesão. O acesso é feito por cervicotomia anterior esquerda, com esofagotomia, identificação do pedículo e ressecção e ligadura do mesmo. Outras vias são transoral e transtorácica.

Comentários
Apesar de raros, pólipos fibrovasculares podem ocorrer. Deve-se diferenciá-los da neoplasia maligna do esôfago.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Thiago Oliveira Freitas Becker, Eduardo Toccafondo Filho