Dados do Trabalho
Título
Esôfago negro: um relato de caso
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: masculino, 69 anos, admitido com dor em porção superior de abdome com início dois dias prévios da admissão, além de evacuações líquidas e vômitos pós-prandial. Iniciado investigação, sendo evidenciado hipotensão e taquicardia, responsivas a volume, além de tomografia com espessamento simétrico de cólon ascendente, transverso e sigmóide e de parede gástrica. Iniciado antibioticoterapia para foco abdominal com Ceftriaxona e Metronidazol e posterior transição por piora para Tazocin e Vancomicina, e cuidados em leito de terapia intensiva, por necessidade de droga vasoativa. Realizado endoscopia digestiva alta (EDA) sendo evidenciado mucosa esofágica com aspecto enegrecido, além de pangastrite erosiva e bulboduodenite erosiva. Diante dos achados foi instituído tratamento com inibidor de bomba de prótons, além de seguimento de parâmetros hemodinâmicos devido a hipótese de necrose esofágica. Após seis dias foi repetido EDA e evidenciado melhora em área de necrose. Paciente evolui com estabilidade e término dos cuidados em leito de enfermaria e posteriormente recebe alta para seguimento ambulatorial. Em 30 dias foi realizado nova EDA e evidenciado mucosa esofágica integra até porção distal, onde nota-se projeção de epitélio colunar, realizado biópsia e evidenciado esofagite crônica moderada e metaplasia colunar do tipo intestinal sem atipias. Paciente segue estável, em acompanhamento ambulatorial. DISCUSSÃO: Necrose esofágica aguda é uma síndrome rara caracterizada por uma aparência preta circunferencial difusa marcante da mucosa esofágica que afeta o esôfago distal e termina na junção gastroesofágica, sendo uma condição mais comum em homens. Sua etiologia não é clara, mas isquemia e obstrução da saída gástrica podem ser eventos desencadeantes. A clínica pode variar sendo mais comum a presença de sangramento gastrointestinal superior, além de disfagia, dor epigástrica e dor torácica. Com relação ao diagnóstico, faz-se necessário EDA e é observado uma descoloração preta circunferencial com tecido hemorrágico friável subjacente. A biópsia deve ser realizada com o objetivo de excluir outras etiologias. O manejo inicial consiste em expansão de volume com fluidos intravenosos e tratamento da doença subjacente. COMENTÁRIOS FINAIS: apesar dessa condição ser rara, faz-se necessário exames endoscópicos para seu diagnóstico, além de medidas para tratamento devido a chance de óbito por complicações como perfuração e estenose esofágica.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
DANIELA SILVA GALO, PAULA ANDRAOUS MERHI, VANESSA MADRID VIVO , ERICA MANUELA DA SILVA BOA SORTE , LIVIA JAYME PAULUCCI, RONIKI CLEAN SA FLORENCIO, NADIM ISAAC FILHO , SARA DE FREITAS ABRÃO , ANA GABRIELA MARTINS GONÇALVES , ANDRE LUIS VOLPATO