XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tuberculose anal em fístula perianal complexa - relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso:
Masculino, 53 anos procura o Hospital da Clínicas com quadro de fístula perineal complexa transesfincteriana associada a abscesso perianal. Morador de área livre, usuário de crack e cocaína, ex usuário de drogas injetáveis, etilista, infecção crônica pelo vírus da Hepatite C. No exame sob narcose, foram visualizados 3 orifícios de drenagem externos e 2 internos, além de múltiplas lojas. Optou-se por fistulotomia com passagem de sedenho frouxo. Anátomo patológico (AP) evidenciou apenas reação inflamatória. Quatro meses depois, paciente retorna com quadro recidivado, sendo abordado novamente. Foi então evidenciado bacilo álcool-ácido resistente, configurando caso raro de tuberculose anal, com AP mostrando mucosa anal com processo inflamatório granulomatoso, com reação giganto celular do tipo Langhans.
Evoluiu com nova recidiva com necessidade de mais uma abordagem perineal 10 meses depois, além de acompanhamento com infectologia, perdendo seguimento após 14 meses.

Discussão:
A tuberculose (TB) no Brasil continua sendo um importante problema de saúde pública. O país ainda está entre os 30 considerados pela OMS como de alta carga de TB. Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes.
Dentre os casos de TB extrapulmonar, os do trato gastrointestinal ocupam o 5o lugar. Já os casos de tuberculose ano retal representam 2 a 7% dos casos de fístula anal, sendo mais comum em homens de meia idade e em regiões endêmicas. Fístulas complexas, pacientes com HIV e a presença de TB pulmonar ativa também devem levantar a suspeita de tuberculose anal. Essas fístulas se caracterizam pelo alto índice de recorrência e refratariedade ao tratamento, o que se deve, também, ao perfil do paciente e à dificuldade em se dar o diagnóstico. Há algumas possibilidades diagnósticas como pesquisa de BAAR, histopatologia, PCR e genexpert, ainda necessitando de estudos adicionais que comparem os métodos.

Comentários Finais: O caso deixa o alerta para a possibilidade de infecção por micobactéria em fístulas recidivadas, atípicas e em pacientes com perfil de risco, lembrando que o diagnóstico pode ser difícil, assim como a aderência do paciente ao tratamento, o que pode levar a maior complexidade no manejo desses pacientes.

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

Caroline de Freitas Cirenza, Arthur Youssif Mota Arabi, Jose Americo Bacchi Hora, Sergio Carlos Nahas, Carlos Walter Sobrado Junior, Carlos Frederico Sparapan Marques