XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Neoplasia periampular sem lesão visível

Resumo

Feminino, 53 anos, sem comorbidades prévias, iniciou quadro de icterícia, febre e aumento de enzimas caniculares. Realizou ressonância magnética (RNM) abdominal que identificou sinais de colangite com dilatação intra e extra- hepáticas. Submetida a CPRE com evidência de papilite e coledocolitíase. Realizado fistulotomia papilar, dilatação de papila, passagem de prótese plástica. Biopsiado papila que resultou em amostra inconclusiva. Após um mês, apresentou novamente quadro de colangite e a nova RNM de abdome apresentava com as mesmas alterações e com prótese biliar pérvia. Procedeu-se com ecoendoscopia alta que mostrou colédoco e ducto principal pancreático dilatados como também não foi visualizado continuidade dos mesmos até a luz duodenal. Efetuada punção ecoguiada. Em nova CPRE, realizou dilatação, biópsias de papila e passagem de nova prótese plástica. Resultado de anatomopatológico foi adenocarcinoma moderadamente diferenciado de papila duodenal, superficialmente invasivo e ulcerado. Paciente foi submetida a gastroduodenopancreatectomia com linfadenectomia regional. Estadiamento revelou comprometimento linfático, vascular e neural pT3b pN2. O tratamento adjuvante com quimioterapia foi indicado.
O adenocarcinoma de papila duodenal faz parte do raro grupo de tumores periampulares que surgem nas proximidades da ampola de Vater. A incidência é maior na população com síndromes de Polipose Hereditária. O quadro clínico mais comum é de síndrome colestática obstrutiva associado a dor abdominal, emagrecimento e anemia. Laboratorialmente evidencia-se aumento de bilirrubinas diretas e enzimas caniculares. A avaliação diagnóstica das vias biliares se inicia com USG de abdome, com pouca sensibilidade para visualizar o tumor. A CPRE é indicada para o diagnóstico, permitindo a identificação do tumor, biópsia e descompressão biliar. A ecoendoscopia apresenta importância para detecção e punção de tumores pequenos como também no estadiamento. O tratamento padrão envolve a gastroduodenopancreatectomia e frequentemente associada à quimioterapia adjuvante e radioterapia.
Por ser um diagnóstico raro e de maior complexidade, é fundamental ressaltá-lo precocemente diante de um quadro de colestase obstrutiva, com melhora do prognóstico quando detectado inicialmente.

Área

Endoscopia - Ecoendoscopia

Autores

Annita Cavalcante Farias Leoncio Cardoso , Carlos Kiyoshi Furuya Junior, Raphael Augusto Saab De Almeida Barros, Edson Ide, Lucas Zouain Figueiredo, Lucas Giovinazzo Castanho Barros, Fauze Maluf Filho, Paulo Sakai, Christiano Makoto Sakai, Kendi Yamazaki, Sonia Nadia Fylyk, Sergio Shiguetoshi Ueda, Sergio Eiji Matuguma, Ricardo Sato Uemura, Bruno Costa Martins