XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: Gastroenterite eosinofílica com apresentação atípica

Resumo

Apresentação do caso: Masculino, 07 anos, com história de atopias, iniciou quadro de febre e dor abdominal, simulando apendicite aguda, submetido a apendicectomia, sem melhora de sintomas. Apresentou piora do estado geral, evoluindo com vômitos e perda ponderal. Exames apresentavam eosinofilia periférica, hipoalbuminemia, tomografia de abdômen com grande espessamento parietal gástrico difuso, linfonodomegalias perigástricas e ascite, prosseguiu investigação com endoscopia digestiva alta (EDA), evidenciando mucosa gástrica espessada com nodularidades difusas recobertas por mucosa integra, áreas de pregas hipertrofiadas com áreas erodidas e hipervascularizadas, estendendo-se até antro, sugerindo linite plástica, foi realizada biópsia revelando gastrite crônica acentuada erosiva. Devido alta suspeição clínica, foi necessária nova EDA com os mesmos achados, e colonoscopia normal, sendo então realizadas macrobiópsias gástricas e intestinais seriadas que descartaram malignidade, porém apresentaram presença de eosinófilos em mucosa gástrica e em toda a extensão do intestino, confirmando diagnóstico de gastroenterite eosinofílica (GE). Foi iniciado tratamento com esomeprazol 40mg ao dia e prednisolona 20mg ao dia.
Discussão: A GE não é bem compreendida, aproximadamente 75% dos pacientes são atópicos e apresentam manifestações clínicas inespecíficas, exigindo alta suspeição clínica. É caracterizada por inflamação de mucosas causada por infiltração eosinofílica, sendo o estômago e intestino delgado os locais mais acometidos. O diagnóstico é histopatológico, evidenciando grande número de eosinófilos na mucosa. A EDA geralmente tem alterações inespecíficas sendo útil para realização de diagnóstico diferencial e coleta de material para histopatológico. O caso apresenta paciente atópico, com eosinofilia periférica, quadro clínico e exames sugestivos de linite plástica, com diagnóstico histopatológico de GE, respondendo bem ao tratamento proposto, estando assintomático após 15 dias e com EDA em 3 meses apresentando melhora de lesões.
Comentários finais: A prevalência da GE vem aumentando ao longo do tempo, possivelmente devido à urbanização e ao aumento do consumo de alimentos industrializados, sendo importante a ciência dos profissionais de saúde para que seja lembrada como diagnóstico diferencial. A primeira linha de tratamento são os corticoesteroides, porém há necessidade de estudar novas drogas buscando menos efeitos colaterais e uso de manutenção em casos de recaídas.

Área

Gastroenterologia - Gastropediatria

Autores

Thayná Barreto Machado, Magda Priscila Cardoso Afonso, Leonardo Rodrigues Resende, Eduarda Nassar Tebet, Fabiana Godoy de Souza Miranda Palma, Daiana Altoff Raldi