Dados do Trabalho

Título

Perfuração gastroduodenal em pacientes oncológicos - impacto da quimioterapia

Resumo

Introdução:Complicações podem ocorrer durante o tratamento de neoplasias sendo a perfuração gastroduodenal uma urgência cirúrgica. Possui taxa de mortalidade superior a 30% nos pacientes em vigência de quimioterapia. Objetivo: avaliar pacientes oncológicos que tiveram perfuração gastroduodenal não relacionada a tumor gástrico em um centro de referência em oncologia. Método: Análise retrospectiva dos pacientes submetidos a cirurgia de urgência por abdome agudo perfurativo com achado intra operatório de perfuração gastroduodenal entre fevereiro 2010 e março 2021. Grupo de pacientes em tratamento ativo quimioterapico se realizado nos 60 dias anteriores à perfuração e inativos se última aplicação acima de 60 dias. Resultados: Identificados 45 pacientes. A média de idade foi de 65 (±10,3), a carga tabágica média de 57,3 anos/maço. O status oncológico de 24 pacientes (53,3%) era doença metastática e 21 (46,6%) tinham doença localizada/sem evidência de doença. O sítio primário mais comum era Cabeça e Pescoço (26,6%). Dezesseis pacientes (35,5%) estavam sob tratamento quimioterápico e 29 pacientes (64,5%) não haviam realizado aplicação nos últimos 60 dias anteriores à perfuração. A comparação entre os grupos não evidenciou diferenças com relação a sexo, idade, IMC, índice de comorbidade de Charlson, variáveis laboratoriais e nutricionais. A categoria de ECOG 2-3 na última consulta antes da perfuração foi significativamente mais frequente no grupo ativo (68,8% vs 34,5% p=0.027). A média da internação foi de 11,08 dias (± 9,84). As complicações pós-operatórias nos dois grupos foram semelhantes (58,6% dos pacientes inativos tiveram Clavien-Dindo III-IV-V versus 75% dos ativos). Em ambos os grupos sepse de foco abdominal foi a principal complicação pós cirúrgica. A mortalidade em 30 dias foi de 55,5% sem diferença entre os grupos em tratamento oncológico (62,5 % de mortalidade) e sem (51,7%) (P=0.487). A análise multivariada dos fatores de risco demonstrou que apenas a idade ≥ 65 anos está relacionada com mortalidade (OR 3.86 IC 95% 1.01–14.84 P = 0.049). Foram analisadas técnica cirúrgica, local da perfuração, comorbidades, sexo, tabagismo, hemoglobina e presença de metástase. Tratamento quimioterápico nos últimos 60 dias não demonstrou estar associado a maior risco de mortalidade (OR 1.56 IC95% 0.45–5.41 P=0.487). Conclusão:Pacientes com perfuração gastroduodenal e tratamento oncológico apresentam elevada mortalidade, independente de estarem sob quimioterapia ou não