Dados do Trabalho
Título
RARA APRESENTAÇÃO DE HISTOPLASMOSE DIAGNOSTICADA POR ECOENDOSCOPIA
Resumo
CASO CLÍNICO
Mulher, 24 anos, sem história médica clinicamente significativa, com queixa de dispepsia há um ano, realizou endoscopia digestiva alta (EDA) que evidenciou uma lesão subepitelial distando 28 cm dos incisivos, em parede anterior do esôfago, de aspecto alongado e com um orifício central, medindo 6 mm. A paciente negava cirurgias prévias ou viagens recentes.
Sendo assim, prosseguiu-se a investigação com a realização de ecoendoscopia (EUS) que identificou que a lesão supracitada, correspondia a um conglomerado linfonodal (CL), composto por 3 linfonodos coalescidos, medindo 25x17mm, localizados entre o átrio esquerdo, a artéria pulmonar e o esôfago. O CL apresentava contiguidade com a parede esofágica que encontrava-se espessada. Não foram identificadas outras linfonodomegalias. Efetuada punção ecoguiada com agulha FNB 22G.
Estudo anatomopatológico concluiu se tratar de um processo inflamatório crônico, com esboço granulomatoso e necrose de padrão caseosa. Pesquisa para fungos resultou positiva com pequenas estruturas leveduriformes, sem brotamento, aspectos sugestivos de histoplasmose.
DISCUSSÃO:
A histoplasmose é uma doença fúngica endêmica em algumas regiões do mundo, com grande prevalência nas Américas. Essa infecção acomete pessoas saudáveis ou imunossuprimidas, sendo essas últimas, as responsáveis pelas maiores taxas de hospitalização. Após a infecção pulmonar pelo Histoplasma capsulatum, o paciente pode apresentar três formas clínicas distintas no mediastino, como a adenite, o granuloma ou a fibrose mediastinal.
Granulomas mediastinais (GM) podem surgir precoce ou tardiamente após a infecção inicial. Comumente são assintomáticos, entretanto, esse CL necrótico pode cursar com sintomas através da compressão dos órgãos vizinhos (árvore brônquica, veia cava superior, pericárdio e esôfago) ou das fístulas. O envolvimento esofágico dos GM ocorre em 5 a 13% dos pacientes, tipicamente acometem a região subcarinal e cursam com disfagia, mas pode gerar outros sintomas como perda ponderal, sangramento e dor.
O diagnóstico dos GM pode ser realizado através da EUS que permite a avaliação das estruturas mediastinais, assim como punção para obtenção de material para realização de diagnósticos diferenciais, como tuberculose e sarcoidose, por exemplo.
CONCLUSÃO:
A histoplasmose é uma doença subdiagnosticada e pode ocasionar sintomas extrapulmonares como o GM, sendo que nessa situação, a EUS é uma ferramenta importante para o diagnóstico.
Área
Endoscopia - Ecoendoscopia
Autores
JULIA MAYUMI GREGORIO, LUCIANO LENZ, RAFAEL UTIMURA SUETA, DEBORAH MARQUES CENTENO, PASTOR JOAQUIN ORTIZ MENDIETA, BRUNO DA COSTA MARTINS, FABIO SHIGUEHISSA KAWAGUTI, GUSTAVO ANDRADE DE PAULO, MARCELO SIMAS DE LIMA, CARLA CRISTINA GUSMON DE OLIVEIRA, RENATA NOBRE MOURA, SEBASTIAN NASCHOLD GEIGER, CATERINA MARIA PIA SIMIONI PENNACCHI, RICARDO SATO UEMURA, ADRIANA VAZ SAFATLE RIBEIRO, SERGIO EIJI MATUGUMA, RAFAEL DYER RODRIGUES DE MORAES, FAUZE MALUF FILHO