XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Doença Inflamatória Intestinal: Uma Mudança de Rumo

Resumo

Paciente masculino de 16 anos, previamente hígido, iniciou em outubro de 2021 com enterorragia, febre, fraqueza, diarreia e desconforto abdominal. Passou a apresentar lesões nodulares em tronco e membros, dolorosas, além de artralgia de grandes articulações de membros inferiores, anemia e aumento de proteína C reativa. Realizou retossigmoidoscopia que evidenciou mucosa difusamente enantematosa com erosões puntiformes de fundo fibrinoso, compatível com retocolite ulcerativa (RCU). Foi iniciado tratamento com mesalazina e prednisona. Retorna com febre, piora da dor abdominal e enterorragia volumosa, levando, inclusive, à instabilidade hemodinâmica com necessidade de unidade de terapia intensiva.Novos exames laboratoriais e endoscópicos e ressonância de abdome mostravam atividade de doença, com escore endoscópico Mayo 3 sem outros comemorativos. Iniciou-se tratamento com vedolizumabe e corticoide endovenoso, apresentando melhora.
Após dois meses apresentou nova piora clínica, com enterorragia e astenia importantes. No exame do períneo foi visualizada úlcera na região anterior do ânus e orifício fistuloso. Nova retossigmoidoscopia mostrou doença perianal, enantema difuso, friabilidade de mucosa e úlceras profundas, lineares, confluentes, recobertas por espessa fibrina. Foi feita a mudança diagnóstica para doença de Crohn (DC) e realizada a troca de tratamento para infliximab, com boa resposta clínica. Paciente mantém acompanhamento clínico e bom estado geral.
A diferenciação entre DC e RCU envolve uma série de ferramentas como exames endoscópicos, histológicos, radiológicos e bioquímicos, porém nem sempre esta diferenciação é possível sendo, então, este casos chamados de colites não classificadas.
Em cerca de 10% dos casos de Doença Inflamatória Intestinal (DII), não é possível realizar sua classificação. Durante o seguimento clínico, em torno de 33% são diagnosticados com RCU e 11% com DC. Além disso, cerca de 10% dos pacientes tem seu diagnóstico alterado ao longo de seu acompanhamento, assim como ocorreu no caso relatado. Conforme o caso demonstrado e dados na literatura, o diagnóstico inicial do padrão da DII pode ser traiçoeiro, mesmo com todo o arsenal de investigação atualmente disponível.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Joana Capano Hawerroth, Paulo de Carvalho Costa, Gabriel Pabis Balan, Gustavo Graciosa Saporiti, Lana Bassi Ferdinando, Fernanda Schumacher Furlan, Marcela Tavares Rocha Loures, Paula Cenira Senger, Manoela Aguiar Cruz, Daniele de Lemos