XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Estudo clínico prospectivo randomizado comparando Partição Gástrica versus Gastrojejunostomia para tratamento de tumores gástricos distais obstrutivos

Resumo

INTRODUÇÃO: Resultados insatisfatórios da gastrojejunostomia para paliação de tumores gástricos distais levaram à busca de alternativas, incluindo a partição gástrica que consiste na secção parcial do estômago com a criação de duas câmaras gástricas, seguida da realização de gastrojejunostomia na câmara proximal.
OBJETIVOS: Comparar a gastrojejunostomia com a partição gástrica com relação à aceitação da dieta via oral e resultados tardios.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo prospectivo randomizado que incluiu pacientes com tumores gástricos distais obstrutivos não passíveis de ressecção cirúrgica. O desfecho primário do estudo foi a avaliação da aceitação de dieta via oral pela escala de Gastric outlet obstruction scoring system (GOOSS).
RESULTADOS: Em um período de 7 anos, 90 pacientes foram inicialmente randomizados para o estudo. Trinta e oito foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão/exclusão, restando ao final 52 pacientes para análise. Destes, 25 pacientes foram incluídos no grupo gastrojejunostomia e 27 no grupo partição. Não houve diferença entre os grupos com relação às características clínicas iniciais, como sexo, idade, peso, performance clínica e capacidade de ingerir alimentos avaliados pela escala GOOSS. A duração da cirurgia, tempo de internação, complicações pós-operatórias e taxa de mortalidade em 30, 60 e 90 dias foram semelhantes entre os grupos. Valores de GOOSS 3 foram atingidos com maior frequência pelos pacientes do grupo partição (96,3% vs. 72%; p=0,022). Na análise multivariada, a realização de partição gástrica foi o único fator independente associado à chance de alcançar valores de GOOSS 3. Durante o seguimento ambulatorial, a manutenção da ingestão via oral e do peso foi semelhante entre os grupos. Não houve diferença com relação à transfusão de concentrado de hemácias e administração de linhas de quimioterapia paliativa entre os grupos. A sobrevida mediana foi de 5,3 meses no grupo gastrojejunostomia e de 12,4 meses no grupo partição (p=0,277). Na análise multivariada, a não realização de quimioterapia após o procedimento (p=0,001) e valor final de GOOSS inferior a 3 (p=0,011) associaram-se à pior sobrevida.
CONCLUSÃO: A partição gástrica apresentou melhor resultado com relação ao retorno da ingestão de alimentos após o procedimento. Não houve diferença entre os grupos com relação à taxa de complicações cirúrgicas, manutenção da ingestão de alimentos, peso no seguimento e sobrevida em longo prazo.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos, Marina Alessandra Pereira, Andre Roncon Dias, Osmar Kenji Yagi, Bruno Zilberstein, Ulysses Ribeiro-Junior, Luiz Augusto Carneiro D´Albuquerque