XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL

Resumo

Introdução: A prevalência aumentada de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) em pacientes com doença Inflamatória Intestinal (DII) tem sido reportada. Em nosso meio, estudos lidando com este tema são escassos.
Objetivos: Avaliar a prevalência e fatores de risco associados com a presença de DHGNA em pacientes com DII.
Métodos: Estudo de coorte transversal em pacientes adultos com doença de Crohn (DC) ou retocolite ulcerativa (RCU) incluídos entre os anos de 2019 a 2021. Critérios de exclusão: consumo de álcool > 20g/dia ou presença de outra doença hepática aguda ou crônica. DHGNA foi definida pelo achado ultrassonográfico de esteatose hepática aliado a dados clínicos e laboratorias. Para comparação de dados foram realizados teste t para igualdade de médias e qui-quadrado, considerando-se p<0,05 significante.
Resultados:
Foram incluídos 138 pacientes, dos quais 87 com DC, sendo 28 com doença ileal, 17 colônica e 42 ileocolônica; 31 apresentavam fenótipo inflamatório, 25 fistulizante e 31 estenosante. 59,8% dos pacientes estavam em remissão clínica; nos que realizaram colonoscopia, 39 apresentaram atividade da doença e 37 remissão. De 22 pacientes submetidos a enterografia, 16 apresentaram sinais de atividade. Dos 51 pacientes com RCU (5 com proctite, 23 com colite esquerda e 23 com pancolite), 74,5% estavam em remissão clínica e 76,5% tinham atividade endoscópica (Mayo≥2).
A prevalência de DHGNA foi de 47,1% (48,3% na DC e 45,1% na RCU; p>0.05). Comparado a pacientes sem DHGNA, aqueles com DHGNA apresentaram maiores idade (47,55 ±14,25 versus 53,95 ± 11,99, respectivamente; p=0,005) e índice de massa corpórea (24,96 ± 3,57 versus 29,61 ± 5,46, respectivamente; p= 0,01). Similarmente, a presença de síndrome metabólica foi significantemente maior nos pacientes com DHGNA (63,3% versus 36,7%; p=0,001).
Por outro lado, não houve diferença estatisticamente significativa entre os pacientes com e sem DHGNA em relação às variáveis: tipo, duração da doença, extensão e fenótipo da DII; atividade clínica (Harvey Bradshaw em DC e Truelove em RCU), endoscópica ou radiológica; uso de agentes anti-TNF, glicocorticóides nos últimos 6 meses e ressecção intestinal prévia.
Conclusão: Observou-se alta prevalência de DHGNA em pacientes com DII, sendo fatores de risco a presença de síndrome metabólica e maiores IMC e idade. Em pacientes com DII, screening rotineiro seguido por tratamento direcionado para DHGNA deve ser realizado.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Rafaela Barbosa dos Reis, Lívia dos Remédios Pamplona de Oliveira, Júlio Maria Fonseca Chebli, Fábio Heleno de Lima Pace, Carlos Alberto Mourao Junior, Helena Maria Giordano Valério, Sarah Mendes Zacarias, Tarsila Campanha da Rocha Ribeiro, Mariana Hippert Gonçalves Silva, Maria Antônia de Lima Barra, Luis Pordeus Shafee, Rogério Khalil Akkari Evangelista, Riulla Madaleno Gonçalves, Patrícia Campos Lima, Antonnielle Ronney Fernandes de Souza, Letícia Croce Stephani, Iasmyn Gomes Teodoro, Gisele Euzébio de Faria