Dados do Trabalho

Título

Doença de Crohn de delgado: A importância do diagnóstico precoce

Resumo

Relato de caso: Homem, 64 anos, com insuficiência cardíaca (ICC) é admitido com dor abdominal recorrente e alternância do hábito intestinal há alguns meses. Ileocolonoscopia (IC), endoscopia alta e exames laboratoriais normais. Calprotectina fecal (CF) elevada, enterorressonância com espessamento parietal segmentar intercalado com segmentos preservados no íleo proximal. Devido a clínica, laboratório e imagem compatíveis com doença de Crohn (DC), optado tratamento com Ustequinumabe (UST) com boa resposta clínica. Após 4 meses, paciente apresentou perda ponderal de 10 Kg aproximadamente, dor abdominal e náuseas/vômitos. Biomarcadores normais. Realizado enterotomografia com evidência de estenose. Submetido a ressecção intestinal com histopatológico compatível com DC. Discussão: A DC é uma doença inflamatória crônica que pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. Cerca de 30% dos casos de DC tem acometimento restrito do intestino delgado (ID). Este número pode estar subestimado devido as dificuldades no diagnóstico, pela escassez de sintomas. A dor abdominal, geralmente único sintoma, faz com que se abra um leque de diagnósticos diferenciais, retardando o diagnóstico para fases onde já existe dano estrutural. Biomarcadores como proteína C reativa e a CF contribuírem para o diagnóstico e acompanhamento, mas apresentam limitações. Nos casos de DC de ID, quando a IC não alcança a área acometida, os métodos radiológicos, em especial a videocápsula endoscópica tem seu papel fundamental. No caso do nosso paciente, a dificuldade diagnóstica não foi apenas, muito provável pela escassez dos sintomas, mas também pela não alteração dos biomarcadores. Com relação ao tratamento, sabe-se que há diferentes respostas de acordo com a localização da DC. No caso foi optado pelo início do UST, pois além do acometimento do ID, o mesmo havia contraindicação ao uso de anti-TNF devido a ICC. O monitoramento terapêutico tendo como alvo a cicatrização de mucosa é importante para evitarmos risco de abordagens cirúrgicas. Os biomarcadores e métodos de imagem são utilizados com este objetivo. Conclusão: Como observamos, o paciente após o início da terapêutica apresentava normalização dos biomarcadores, porém evoluiu com suboclusão intestinal e necessidade de ressecção intestinal. Isso reafirma a importância do diagnóstico precoce para evitar danos estruturais com necessidade de abordagens cirúrgicas extensas com futuras repercussões clínicas ao paciente.