Dados do Trabalho

Título

ESOFAGITE CÍSTICA COMO MANIFESTAÇÃO DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

Resumo

APRESENTAÇÃO: Uma paciente feminina de 29 anos foi submetida a endoscopia digestiva alta eletiva, devido a sintomas típicos e atípicos de doença do refluxo gastroesofágico – pirose, regurgitação e dor retroesternal intermitente. Evidenciado, em terço distal do esôfago, próximo à transição esofagogástrica, pequenas lesões elevadas e arredondadas, medindo até 5mm, recobertas por mucosa fina e de aspecto usual, a qual deixava transparecer conteúdo líquido claro no interior, caracterizando cistos de retenção.
DISCUSSÃO: Os cistos de retenção (também chamados de adquiridos) são formados devido à obstrução dos ductos que comunicam as glândulas mucosas e submucosas com o lúmen do órgão, levando à dilatação destas glândulas. O diagnóstico de lesões sintomáticas é raro, sendo mais comum lesão única de tamanho variado em terço superior, mas podem localizar-se em qualquer parte do esôfago. Quando há múltiplas lesões, como no caso em questão, utiliza-se o termo “esofagite cística”, uma vez que a inflamação decorrente do refluxo gastroesofágico é o fator causal mais implicado – embora os sinais de inflamação encontrados na análise microscópica sejam mínimos. Outros possíveis fatores causais incluem alterações mecânicas do esôfago, que podem aumentar a pressão intraluminal, produção anormal de muco, ou hiperplasia de células basais no orifício ductal. O potencial maligno dos cistos esofágicos de retenção é desconhecido, mas se sabe que pode haver metaplasia estromal (descrita em autópsias). Não há diretrizes de seguimento das lesões, e o tratamento intervencionista é reservado para casos com sintomas refratários ao manejo conservador.
COMENTÁRIOS: Cistos esofágicos de retenção são uma entidade rara. Contudo, podem se tratar de uma apresentação endoscópica da doença do refluxo gastroesofágico, afecção extremamente comum no cotidiano do endoscopista. Assim, é importante conhecer a etiologia e o aspecto macroscópico da esofagite cística, a fim de identificá-la corretamente e evitar procedimentos invasivos desnecessários, como biópsias e punções.