Dados do Trabalho
Título
Avaliação da incidência de câncer de esôfago em pacientes com neoplasia primária de cabeça e pescoço
Introdução
O carcinoma epidermóide de esôfago (CEC) é uma doença de elevada mortalidade, cujos principais fatores de risco são tabagismo, consumo de álcool, além da história pregressa ou atual de carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (CECCP). A depender do momento do diagnóstico do câncer de esôfago, o mesmo pode ser classificado de duas formas. Se o diagnóstico da neoplasia de esôfago ocorrer concomitantemente ao diagnóstico de CECCP, trata-se de um tumor sincrônico. Caso a neoplasia surja após tratamento da neoplasia inicial, define-se como segundo tumor primário. Independente da nomenclatura, é essencial a detecção precoce da patologia para aumentar a sobrevida dos pacientes. Nestes casos, o rastreio pode ser realizado através da endoscopia digestiva alta associada a cromoscopia com lugol ou a cromoscopia virtual.
O objetivo deste estudo foi estabelecer o perfil epidemiológico e avaliar a incidência de CEC de esôfago nos pacientes com neoplasia de cabeça e pescoço que estão em seguimento no Serviço de Endoscopia da ISCMSP.
Foram avaliados prontuários de pacientes atendidos entre janeiro e dezembro de 2021 no serviço de endoscopia. Tratou-se de 101 pacientes com diagnóstico atual ou prévio de CECCP para realizar rastreio de neoplasia de esôfago através de esofagogastroduodenoscopia associada a cromoscopia com lugol ou cromoscopia virtual. Do total, 97 pacientes foram incluídos no estudo, sendo 80,3% do sexo masculino, com idade média de 63 anos, 16,6% virgens de tratamento. Cerca de 71% tabagistas, com carga tabágica média de 44 anos-maço e 51% referiram etilismo. A localização mais comum do tumor primário de cabeça e pescoço foi a laringe (52%). O modelo de vigilância utilizado foi o Lugol em 62,7% dos casos e cromoscopia virtual em 34,3%. Cinco lesões foram identificadas ao exame da luz branca e três lesões foram identificadas através da cromoscopia com lugol. Das lesões encontradas, 3 apresentaram algum grau de displasia ou invasão (displasia moderada, carcinoma in situ e carcinoma de células epidermóides moderadamente invasivo), o que corresponde a aproximadamente 3,1% do total de pacientes.
O estudo mostra a significativa incidência de CEC de esôfago nos pacientes com neoplasia de cabeça e pescoço, o que reforça a necessidade do seguimento destes pacientes, seja através do exame com luz branca ou da utilização de cromoscopia. Certamente estudos prospectivos podem demostrar quais técnicas ou tecnologias auxiliariam no aumento da detecção destas lesões.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Ana Victória Martins Lima, Kelly Cristina dos Santos, Natan Kenji Watanabe, Osvaldo Massatoshi Araki, Fábio Marioni